sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O planejamento funciona? A favor de quem?

Planejamento energético e o econômico, qual erra mais?
A história econômica e energética do Brasil é uma coleção de fatos e dados que só escapa da indignação popular porque as desculpas são fáceis e as explicações muito difíceis para pessoas leigas no assunto.
Há meia década o Brasil vivia marolas que não assustavam os banhistas. O céu era de Brigadeiro, o mar ideal para Almirante. Deveríamos continuar crescendo muito[i].
O que aconteceu só vimos em jogos de sinuca entre pessoas iniciantes. Apontavam numa bola, acertavam noutra. A Economia Mundial ainda não readquiriu estabilidade sustentável visível, mais ainda diante do que países com indigestão poderão vomitar.
Dentro do modelo institucional do Setor Elétrico, no meio da década passada, era o tempo de licitar usinas que deveriam estar em operação [ (Vianna, 2011), ( Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 - Sumário)] somando-se a outras licitadas de lá até agora as mais fáceis de instalar.
Tudo muito bonitinho, com que margem de erro? Atrasos? Falhas? Erros de cálculo? O que aconteceu? Incompetência? Imperícia? Esperteza? Impossibilidades reais?
Mais uma vez falam na possibilidade de racionamento. Se o planejamento fosse mais preocupado com a confiabilidade e a qualidade isso teria acontecido?
A instabilidade econômica mundial e as mudanças climáticas, ambientais e até do comportamento do Sol exigem margens de segurança maiores.
O custo de qualquer racionamento e até de oscilações de tensão e frequência são imponderáveis, mas elevadíssimos. Quanto pesa o prejuízo de nosso povo na decisão dos planejadores? Deixam para o “mercado” decidir? Tudo fica a critério de empresas de distribuição sem garantia de renovação de concessões?
Nossos especialistas continuam linearizando estatísticas antigas?
Na lógica do planejamento uma coleção de unidades geradoras estaria operando e na fila de entrada em operação na cadência do crescimento do consumo, que seria elevado. Não foi, o Brasil quase parou. A crise econômica internacional era muito séria e como sempre acontece nesses períodos pagamos a conta dos erros alheios (Ferguson).
Mesmo com o desaquecimento da economia estamos tangenciando situações de alto risco de racionamento, isso faz sentido?
A relação entre o crescimento do PIB e do consumo de energia (energia, algo equivalente à quantidade de combustível nos carros, muito diferente da potência dos veículos) é grande em nosso país muito afetado por empresas de produtos semimanufaturados.
Evoluímos pouco na lógica da conservação de energia. Assim o consumo de energia elétrica oscilou muito, mas esteve abaixo do que se previa em tempos de calmaria.
Pior ainda, o Governo optou por baixar emissões de CO2 no Setor Elétrico (Vianna, 2011), e o petróleo? Não quer perder votos?
Usinas entram num cesto de obras compatível com as previsões dos economistas e oportunidades energéticas. Seria natural termos mais tranquilidade, o problema é que não resistiram e mexeram demais nas fórmulas energéticas (Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico); somando isso à Legislação Ambiental, riscos industriais, de projeto etc. temos uma faixa de insegurança que deveríamos conhecer bem.
Infelizmente o progresso virou quase estagnação. O Pibinho salvador e agora o aumento dos juros dá um refresco ao MME. Surpreendentemente, contudo, passamos raspando o racionamento de energia em 2013, levando os operadores do sistema a ordenarem a entrada em operação de usinas caríssimas.
Diante de tudo o que vemos vale a análise do que é planejamento e nossos critérios antigos.
Em países desenvolvidos e com base térmica a variação do consumo é mínima, dependendo mais do calor ou do frio, eventualmente surpreendendo as concessionárias. O planejamento é simplificado, pois as térmicas dependem muito pouco das chuvas (precisam de água para geração de vapor), precisando, contudo, ter um bom padrão de manutenção e operação assim como contratos inteligentes e honestos de aquisição de combustíveis. Nesse cenário a grande malandragem é “esquecer” a sinergia do sistema, o que pode elevar os preços se as tarifas forem livres.
No processo de privatização de concessionárias em muitos lugares desse planeta acrescentou-se algo mais, a especulação com a energia.
Nos EUA a ENRON e mais algumas outras protagonizaram situações suspeitas de falta de energia, programando mal a manutenção de grandes usinas. Faltando oferta, os preços subiram a ponto de chamar a atenção dos órgãos de fiscalização. O racionamento virou rotina durante bom tempo em alguns lugares...
E no Brasil um complicador considerável nesse processo de estimativas de consumo é a dependência do clima, afinal nossa base é hidrelétrica, dependendo de chuvas. Mudanças de cobertura vegetal, manchas urbanas enormes ao longo de muitos rios, variações de insolação etc. devem alucinar os calculistas mais calejados.
O Pibinho salvou o Setor Elétrico de outro problema sério, o atraso da entrada em operação de grandes usinas, linhas e subestações.
Podemos também imaginar que no balcão de negócios dos KWh a manipulação de ofertas e pedidos tenha criado cenários falsos.
O que realmente aconteceu com o Setor Elétrico?
Análises feitas pelos órgãos sob dominação das partes interessadas no processo de convencimento do nosso povo não vale, precisamos de uma auditoria feroz, independente, suficientemente poderosa e competente para não aceitar agrados e ilusões de qualquer espécie.
Aliás, em todos os serviços essenciais a avaliação externa de qualidade, custos e benefícios das concessionárias é algo ausente em nossa pátria varonil. Se existe desconhecemos seus diagnósticos.
Mais uma vez nos aproximamos de cenários ruins.
Quando saberemos o que realmente acontece sem filtragens oportunistas?
Inacreditavelmente a atuação do Governo Federal tem sido demolidora (Petrobras, Eletrobras, aumento dos custos de Itaipu, decretos surpreendentes etc.).
Estamos em final de Governo.
Um bom tema para debate nas campanhas eleitorais será a situação das concessionárias federais e estaduais.
O Planejamento energético merece atenção de altíssimo nível e responsabilidade, acima de tudo em favor do Brasil. Isso implica em mudanças importantes.  Ou não?
Devemos continuar submissos a ONGs e acordos açodados (Vianna, 2011)?
Vamos imitar quem e de que jeito?
Qual é o próximo modismo?

Cascaes
27.2.2014

(s.d.). Fonte: Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico: http://www.ilumina.org.br/
Energético, S. d. (s.d.). Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 - Sumário. Fonte: MME: http://www.mme.gov.br/mme/galerias/arquivos/noticias/2011/SUMARIO-PDE2020.pdf
Ferguson, C. (s.d.). Trabalho Interno. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com/2012/01/trabalho-interno.html
Vianna, L. F. (28 de 9 de 2011). PLANO DECENAL DE ENERGIA . Fonte: APINE: http://www.senado.leg.br/comissoes/ci/ap/AP20110928_Luiz_Vianna.pdf







[i] Evolução do PIB Brasileiro de 1995 a 2013: (fonte Wikipedia)
Ano
PIB
Tamanho do Crescimento
Posição na Economia Mundial
R$ 4,84 trilhões1
2,3%2
R$ 4,403 trilhões3
0,9%4
5
R$ 4,143 trilhões6
2,7%
R$ 3,675 trilhões7
7,5%
R$ 3,143 trilhões8
-0,2%
R$ 3,032 trilhões9
5,2%10
R$ 2,558 trilhões11
5,4%
10°
R$ 2,370 trilhões12
3,8%
10°
R$ 2,148 trilhões13
2,9%
10°
R$ 1,769 trilhão14
5,7%15
13°
R$ 1,556 trilhão16
0,5%
13°
R$ 1,320 trilhão17
2,7%18
13°
R$ 1,184 trilhão19
1,4%20
11°
R$ 1,089 trilhão21
4,4%
10°
R$ 1,011 trilhão22
0,3%23
10°
R$ 979,275 bilhões24
-0,1%
R$ 865,552 bilhões25
3,0%
R$ 752,439 bilhões26
2,9%
R$ 731,162 bilhões27
4,3%


Referências

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

OLHO GRANDE NA AMAZÔNIA


De: Soriano Neto [mailto:msorianoneto@gmail.com]
Enviada em: quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014 11:05
Para: undisclosed-recipients:
Assunto: Fwd: OLHO GRANDE NA AMAZÔNIA (palestra do Gen.Cláudio Figueiredo em 2005 continua válida em 2014)



OLHO GRANDE NA AMAZÔNIA
O general-de-Exército Cláudio Barbosa de Figueiredo, Comandante Militar da Amazônia, proferiu, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, em 02.06.2005, palestra a respeito da Amazônia e, didaticamente, deixou claro que a cobiça internacional sobre a mesma é antiga.
CRONOLOGIA DA COBIÇA

1850    Maury, chefe do Observatório Naval, de Washington, defendia a tese de livre navegação internacional do Rio Amazonas;

1948    foi aprovada pela UNESCO a criação do Instituto Internacional da Hiléia Amazônica, segundo o qual uma autoridade internacional passaria a administrar as pesquisas científicas e o desenvolvimento da região;

1981    o Conselho Mundial de Igrejas Cristãs, em Genebra, decidiu que a "Amazônia é patrimônio da humanidade e que a posse dessa imensa área pelo Brasil, Venezuela,  Peru, Colômbia e Equador é meramente circunstancial";

1983    a então Primeira-Ministra da Grã-Bretanha, Margareth Thatcher, disse que "se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios, suas fábricas";

1989    o então Vice-Presidente dos EUA, Al Gore, dizia que "ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós";

1989    o então Presidente da França, François Mitterrand, afirmava que "o Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia";

1992    John Major, então Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha, dizia que "as nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo.  As campanhas ecológicas internacionais sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase operativa que pode definitivamente ensejar intervenções militares diretas sobre a região";

1992    Mikhail Gorbachev dizia que "o Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes";

1994    Henry Kissinger afirmava que "os países industrializados não poderão viverda maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não enováveis do planeta.  Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus intentos";

1996    Madeleine Albright, Secretária de Estado dos EUA, dizia que "atualmente, avançamos em uma ampla gama de políticas, negociações e tratados de colaboração com programas das Nações Unidas, diplomacia bilateral e regional de distribuição de ajuda humanitária aos países necessitados e crescente participação da CIA em atividades de inteligência ambiental";

1998    o General Patrick Hugles, chefe do Órgão Central de Informações das Forças Armadas dos EUA, dizia que "caso o Brasil resolva fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente dos EUA, temos de estar prontos para interromper este processo imediatamente";

2005    o Comissário da União Européia na ONU, Pascal Lamy, disse que "a Amazônia e outras florestas tropicais do planeta deveriam ser consideradas bens públicos mundiais e submetidas à gestão coletiva ou seja gestão de comunidades internacionais".

    O General Figueiredo disse, na oportunidade, que "atualmente o mundo vive o fim da bipolaridade.  Está predominando uma nova ordem mundial com desvio do eixo de confrontação estratégica.  É a era da globalização.  A tendência atual é de intervenções armadas com ou sem o patrocínio da ONU, que está a serviço dos interesses das grandes potências.  Estas intervenções poderiam acontecer com as seguintes justificativas:  narcotráfico, destruição das florestas tropicais, imigração ilegal, terrorismo internacional, proteção de minorias étnicas".

QUESTÃO INDÍGENA:   "A questão indígena também é polêmica.  Integrar os índios ou segregar?  As terras dos índios são extensas e ricas.  Um problema encontrado é a exploração das riquezas das tribos indígenas.  Outro diz respeito à segurança.  As terras indígenas representam 12,8% do território nacional.  Há aproximadamente 3 índios por quilômetro quadrado no Brasil e 0,17 índios por quilômetro quadrado na Amazônia.  A população indígena é de aprox. 350.000.  Mais de 60% do território de Roraima é de tribos indígenas.  A extensão das terras indígenas na área representa a soma das superfícies de Portugal, Espanha, Bélgica e Alemanha". 

VAZIO DO PODER:   "Há na região um vazio de poder com a ausência do Estado.  Esse vazio de poder traduz-se em descaminho e destruição do patrimônio e um crescimento das ONGs em consequência deste vazio.  Para o Exército essas são duas características da "satanização" do Brasil, o que torna o ambiente propício à intervenção, que pode ser direta ou indireta, sob alegações de presença de narcotráfico, destruição de florestas tropicais, presença de imigrantes ilegais e alta de proteção às minorias étnicas".

AS AMEAÇAS QUE NOS RONDAM E COMO ENFRENTÁ-LAS:
A M E A Ç A S

-INTERNACIONAIS:  PODER ECONÔMICO E MILITAR SUPERIOR;

-AÇÕES DE CRIMES TRANSNACIONAIS OU DE GUERRILHAS EM PAÍSES VIZINHOS DE PODER ECONÔMICO E MILITAR INFERIOR:

-PERTURBAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA E INTERNACIONALIZAÇÃO - VAZIO DE PODER;
    Para a ameaça que representa o poder econômico e militar superior, a estratégia é soldados usarem resistência.
    Para a ameaça de poder militar e econômico inferior, a estratégia é o Exército na ofensiva.
    Para a ameaça de vazio de poder, a estratégia é o soldado presente.
    O Exército lembra Guararapes e a presença constante de seus homens na região, bem como citação do Barão do Rio Branco: " os povos que a exemplo dos do Império Celeste desdenham as virtudes militares e se não preparam para a eficaz defesa de seu território, dos seus direitos e da sua honra expõem-se às investidas dos mais fortes e aos danos e humilhações consequentes da derrota".
    Entre as principais ameaças sobre a região amazônica foram relacionados:
-Convencimento da opinião pública internacional de que as questões existentes na Amazônia são de interesse da humanidade;
-Deficiente atuação dos órgãos do Governo.

TRECHOS EXTRAÍDOS DA PALESTRA

JOÃO CARLOS LAGO NETO
1a. divulgação em 03.03.2006
nova divulgação em 26/02/2014


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Quanto custa o déficit de energia elétrica? - Roberto P. D'Araujo - Opinião - Brasilagro

Quanto custa o déficit de energia elétrica? - Roberto P. D'Araujo - Opinião - Brasilagro


Quanto você pagaria para que sua casa ou empresa não sofresse um racionamento como o de 2001? Não se trata de apagões, mas de medidas de contenção de consumo de longo prazo. É óbvio que a resposta é diferente para cada um e, no caso de empresa, depende da sua atividade. Se ocorresse outra vez, apesar da felicidade de alguns geradores a diesel, a economia brasileira sofreria um grave prejuízo, pois a carência de energia logo se transformaria na falta de outros produtos.
No nosso confuso setor essa não é uma pergunta válida apenas para avaliar efeitos póstumos ao fato. Você pode não acreditar, mas a sua fatura de energia depende desse conceito. A cada mês, nas decisões de operação, acionando ou desligando usinas térmicas, um misterioso e ocluso valor, o Custo do Déficit (CD) influencia a sua despesa mensal. Apesar desse atrelamento, parece ser um número divino, já que seu valor e seu papel raramente são questionados.
Apesar da subjetividade e dificuldade de se obter essa cifra, ela existe, é fixada pela Aneel e está por trás de tudo no setor. Atualmente, vale R$ 3100/MWh ou R$ 3,1/kWh. Sendo um valor único, pode parecer irrisório para quem consome poucos kWh e soar como uma fortuna para setores eletrointensivos. Ele pode ser interpretado como o "temor" do racionamento. Em 2001, esse valor era de R$ 1145/MWh, mas a origem do evento não está no baixo valor. Faça o capital privado esperar uma privatização de usinas prontas, acrescente uma seca média e proibição de investimentos estatais e está feita uma autêntica "convocação" ao racionamento.
O CD é um parâmetro exógeno, estimado por modelos econométricos que relacionam o consumo de energia com os números de produção da economia. Sendo um modelo estatístico, é baseado no passado para definir um número que influi no presente, mas também num futuro distante. Por mais sofisticados que sejam os métodos utilizados, eles não escapam das incertezas associadas aos seus parâmetros. Caso fossem considerados os níveis de significância de cada etapa do cálculo, certamente o valor de R$ 3.100 perderia a aura de certeza que tem hoje. Quanto mais alto o CD, maior o custo, porém, se ele estiver subavaliado, maior o risco. O que é pior?
Proponho fazer umas contas com o CD de 2001. Não estou recalculando o valor atual, mas apenas comparando com mudanças dos últimos anos. Segundo a técnica vigente, quanto mais alto o CD, mais geração térmica e até mais usinas podem ser necessárias. Por força do modelo comercial adotado no Brasil, até o certificado de "garantia física", o quantum de energia que cada usina pode comercializar, deveria variar com o CD. Por exemplo, se esse custo aumenta, a garantia de cada usina deveria decrescer, pois é preciso ampliar a segurança, que está indiretamente conectada a esse valor mágico.
Portanto, será que os R$ 3100 de hoje são satisfatórios? Considerando apenas o IPCA do período, o CD de 2001 corresponderia hoje a R$ 2587/MWh, ainda abaixo do valor atual. No entanto, bastaria essa correção monetária?
O mercado de eletricidade sofreu uma mudança logo após 2002, pois a curva de consumo voltou a crescer, mas sempre se mantendo 15% abaixo do valor que teria ocorrido sem o racionamento. Se essa experiência deixou algum benefício, com a ajuda da nossa cara tarifa, passamos a desperdiçar menos. Portanto, pode-se interpretar que cada kWh consumido passou a ser mais "essencial" do que era antes de 2001. Se dermos mais 15% de "importância" sobre os R$ 2587, já teríamos R$ 2975.
De 2001 até 2012, a nossa capacidade de reservar energia nos reservatórios caiu de sete meses e meio para cinco meses, dado o crescimento do consumo. Uma queda de 33%. Isso significa que os kWh guardados nos nossos reservatórios são muito mais importantes e "responsáveis" pela segurança do que os kWh reservados no passado. Portanto, se levarmos essa mudança estrutural em consideração já chegaríamos a R$ 3956/MWh.
Desde 2001, a tarifa média brasileira subiu 30% acima da inflação. Portanto, se quiséssemos manter a proporção do CD com a tarifa, ele poderia chegar a mais de R$ 5000/MWh.
Apenas avaliando mudanças ocorridas no sistema de produção e no mercado de energia, parece haver mais motivos para desconfiar desse místico parâmetro. O valor de R$ 3100/MWh pode ser uma versão piorada dos R$ 1145/MWh válidos em 2001. Tomara que essas contas sejam alvo de críticas, pois, no fundo estamos falando da confiabilidade do sistema. É preciso deixar claro que não estou promulgando outro valor específico em vez dos exatos R$ 3100. O que tento mostrar é que, sob o manto tecnicista, há fortes indícios de que o nosso subjetivo critério de garantia pode não ser tão seguro como alardeado.
Toda essa complexidade é fruto da adoção do modelo mercantil adaptado de sistemas térmicos. Por força desse mimetismo, uma usina brasileira não vende a energia que produz. Comercializa um "certificado" que depende de muitas variáveis, entre elas, o custo do déficit, incerto por sua própria natureza. O mundo real nos mostra alguns sintomas preocupantes. Gastos bilionários em usinas térmicas cobertos pelo Tesouro precisariam de situações hidrológicas bem piores que as atuais para serem justificáveis. O acoplamento a um inseguro custo do déficit é apenas um dentre os muitos desafios que deveríamos enfrentar. Em vez de intervir pontualmente alterando regras que afugentam os investimentos, já está passando o momento de reexaminar as "certezas absolutas" do modelo vigente (Roberto Pereira D´Araujo, engenheiro eletricista, é diretor do Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico; Valor Econômico, 3/12/13)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Governo muda o tom e assume pela 1ª vez risco de faltar energia

Governo muda o tom e assume pela 1ª vez risco de faltar energia

Energia elétrica - o pesadelo dos modismos e da politicagem

Equívoco trágico
Reagimos emocionalmente a acidentes e fatos midiáticos com muito mais veemência do que pelos erros que cometemos em comunidade; omissões e ignorância das causas e efeitos de decisões erradas ou mal conduzidas, quando não com essas duas características, podem trazer danos físicos, morais, políticos e a perda de milhões de postos de trabalho, regressão econômica etc., tudo isso sem esquecer a fragilização da saúde, segurança e de estruturas importantes e dependentes de fluxo contínuo de recursos via impostos e taxas de serviço.
Repetindo, nossas atitudes refletem sentimentos imediatos e não a análise de custos e efeitos de questões mais importantes, mas distantes de nossa visão diária.
Serviços essenciais afetam a nossa vida profundamente; alguns deles simplesmente não podem falhar.
Já vai longe o tempo em que as grandes cidades eram uma raridade. Hoje as metrópoles aparecem como cupinzeiros, cobrindo o chão com estruturas aparentemente simples, mas dependentes mais e mais e muito mais de água potável encanada, saneamento básico sofisticado, energia via redes elétricas, postos de gasolina, redes de distribuição de gás, transporte de muitas espécies e finalidades, segurança e todas as demais atividades que viabilizam essas monstrópoles. Podem ser excelentes para nossa enlevação cultural, lazer, relações humanas, trabalho e acessibilidade a hospitais, asilos e por aí afora. Promovem sinergia, mas têm um microclima específico e um povo que não pode prescindir dos serviços formais considerados essenciais.
As grandes cidades são fragilíssimas. Podem ser desmontadas facilmente, faltando energia, por exemplo, ou sob o efeito de epidemias possíveis e devastadoras. Existem graças aos desenvolvimentos técnicos e novos padrões de comportamento.
Os terroristas descobriram isso, felizmente matam-se junto a suas bombas.
Dependemos, portanto, de gerenciamento lúcido, eficaz, onipresente. Quando isso não acontece advém o desastre e a possibilidade de catástrofes. Os erros e seus efeitos dependem da amplitude dos gestores, de seus cargos e poderes e, evidentemente, do que comandam e de suas equipes, normalmente mais vaidosas, egocêntricas e alienadas do que os seus caciques.
No Brasil e nas grandes ditaduras (radicalização ideológica, personalismo oportunista, palavras de ordem) isso fez história, ou melhor, continua fazendo, histórias deprimentes!
Se os modismos gerenciais e estruturais são perigosos, pior ainda é a utilização inconsequente de lógicas importadas. Na área energética tivemos restrições e acidentes inaceitáveis, indevidamente esquecidos, fruto da aplicação de desestratégias de desenvolvimento.
Energia é um tema permanente que vai do petróleo à eletricidade.
Os pesadelos tiveram momentos trágicos, alguns menos perceptíveis, como a inviabilização da nossa infraestrutura por D. Pedro II (Barão de Mauá)  e as restrições tarifárias no Estado Novo.
Evidente, graças às facilidades de comunicação e informação técnica foi o que aconteceu em tempos de FHC. O prejuízo à nação, contudo, nunca foi devidamente quantificado. Não temos tradição de quantificação de danos e perdas, nossas leis e a jurisprudência dos tribunais brasileiros favorecem a irresponsabilidade.
O Setor Elétrico padece de erros trágicos desde sua formatação no início do século passado. Lembrando os ensinamentos de Michel Foucault sempre estivemos fora de sintonia com a realidade e seu contexto técnico e econômico, não prestamos atenção às condições necessárias e suficientes a modelos importados. Precisamos de grandes especialistas, ou melhor, de muitos para pesquisar a Arqueologia do Saber no Brasil, quem sabe fazendo uma obra semelhante e dedicada à Engenharia. Mais ainda, em geral falta a coragem da verdade, de verdade, o desprendimento das análises que necessitamos...
Em tempos de mercado livre, feira, cassino etc. continuamos resvalando em figurinos mal ajustados.
A arquitetura institucional em torno da energia no Brasil está errada.
A energia é essencial, absolutamente necessária e importante demais para ficar ao gosto e caprichos de investidores.
Deixamos de privilegiar a segurança e a qualidade (Cascaes) para fazer de nossas concessionárias estatais e privadas instrumentos de satisfação de grupos econômicos pouco produtivos ou improdutivos.
Resultado de um academicismo ingênuo subordinado aos espertos de plantão, o modelo atual esqueceu de avaliar de forma adequada o que significa qualidade e confiabilidade. Continuamos com critérios radicalmente simplistas de mobilização de geração, manutenção de instalações, construção e operação de redes de distribuição e transmissão, subordinação suicida às lógicas do menor custo, menor tarifa, tudo sem levar em conta a importância de energia elétrica.
Nossos dirigentes raciocinam em curto prazo, infinitamente mais preocupados com os seus cargos e simpatias imediatas mentem ou não sabem o que falam. Temos gerências de escrivaninha, precisamos de pessoas com honestidade intelectual, amor à Pátria, ao povo que paga seus salários e cartões corporativos.
Como é de praxe no Brasil criamos mais e mais autarquias, repartições públicas e até empresas associadas à iniciativa privada. Nunca poderemos esquecer que os mamutes empresariais são fortes porque dominam o cenário político, não querem mudanças a favor dos menores. Detestam concorrência.
E os governantes?
Para começar nunca viabilizaram agências reguladoras fortes, a operação ficou em critérios elementares e regredimos. Se no início ainda tínhamos grandes profissionais, hoje, após PDVs insanos, vemos empresas e entidades públicas estratégicas nas mãos de pessoas sem qualidades necessárias e suficientes às suas atribuições.
A propósito, qual é o critério de nomeações?
Assassinaram a boa Engenharia. O que vale é a lógica do cassino e de mercados que ganharam status divino e pregações diárias em noticiários diários com pessoas capazes de prever o passado e esquecer o futuro. É interessante notar com que facilidade esquecem o que disseram antes...
Um sintoma da fragilidade do setor elétrico é o cenário atual, quando estamos mais uma vez com alta probabilidade de apagões[1] e possibilidade de racionamentos. Atrasos em grandes obras, estiagem e o estímulo ao consumo de energia somam-se numa equação perversa.
O planejamento é um desastre. Qual é o padrão de decisão? Simplesmente o que é mais barato? Energia renovável? Agradar ONGs ou empresários desesperados? Licitar usinas para consumidores eletrointensivos se apropriarem das melhores fontes de energia elétrica?
Fiscalização? Regulação?
Economizar energia é crime? Promover o uso inteligente da energia não interessa?
Um grande equívoco foi partir do princípio de que se poderia aceitar prazos curtos (coisas acadêmicas) e bem definidos para a entrada em operação a plena carga de usinas totalmente diferentes das termelétricas. Se as grandes hidrelétricas são singulares, cada uma com quase tudo ajustado às suas condições, a usinas térmicas são feitas em série, máquinas e conjunto predefinidos (e mesmo assim erram demais). Absurdamente adotaram critérios de planejamento estreitos.
Qual é margem de erro dos cronogramas? O que as estatísticas demonstram? Escapamos de cortes severos graças ao “Pibinho”?
Nossos “especialistas” revelam uma tremenda desonestidade intelectual ou incompetência. São pessoas inteligentes, como podem dizer e fazer tanta besteira? Ideologia? Esperança de revoluções redentoras? Subordinação tácita aos humores de ditadores irresponsáveis?
Um exemplo fantástico é o horário de verão, só falta dizer quantos miliwattxhora deixamos de gastar... Aliás, depois que inventaram as calculadoras digitais vemos até gasolina e álcool com preços de milésimo de Real em placas de postos de gasolina, pode?
O resultado é que vivemos tangenciando situações gravíssimas e oferecendo uma infraestrutura precária; quantas indústrias dependentes de boas concessionárias deixaram de se instalar no Brasil?
Mais uma vez estamos sob o risco de racionamento, quanto isso vai custar aos brasileiros?

Cascaes
12.2.2014
Cascaes, J. C. (s.d.). Qualidade e Confiabilidade do serviço ENERGIA ELÉTRICA . Fonte: Engenharia - Economia - Educação e Brasil : http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com/2014/02/qualidade-e-confiabilidade-do-servico.html




[1] ...no português de Portugal, "apagão" é uma palavra que pode se referir a qualquer tipo de blecaute, especialmente cortes acidentais de energia, e não um racionamento forçado e multa por consumo, como inicialmente significava o apagão brasileiro, pois no português do Brasil, as quedas ocasionais de energia, quando o restabelecimento demora mais que alguns minutos, são denominadas blecaute. Wikipédia

Qualidade e Confiabilidade do serviço ENERGIA ELÉTRICA

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um banco público federal brasileira com sede em Brasília cujo principal objetivo é financiar de longo prazo a realização de investimentos em todos os segmentos da economia, de âmbito social, regional e ambiental.

O BNDES foi criado pela Lei nº 1.628, de 20 de junho de 1952, com o nome de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), como uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda (arts. 8º e 9º), tendo autonomia administrativa e personalidade jurídica própria, sendo depois repassado ao Ministério do Planejamento e Coordenação Geral, por força do Decreto nº 60.900, de 26 de junho de 1967. Foi modificado pela Lei nº 5.662, de 21 de junho de 1971, transformando-o em empresa pública, de personalidade jurídica de direito privado, com seu patrimônio próprio (art. 1º), permanecendo vinculado ao Ministério do Planejamento e Coordenação Geral.
Com o Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, o banco passou a ter a sua atual denominação, vinculado à Secretaria de Planejamento da Presidência da República (art. 5º, § 1º).

O BNDES é uma entidade componente da administração pública indireta e vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tendo como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do Brasil. Desta ação resultam a melhoria da competitividade da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua população.
Desde a sua fundação, em 1952, é um órgão de fomento no contexto do desenvolvimento econômico esboçado no Plano SALTE, o BNDES vem financiando os grandes empreendimentos industriais e de infraestrutura tendo marcante posição no apoio aos investimentos na agricultura, no comércio e serviço e nas micro, pequenas e médias empresas, e aos investimentos sociais, direcionados para a educação e saúdeagricultura familiar, saneamento básico e ambiental e transporte coletivo de massa.
Suas linhas de apoio contemplam financiamentos de longo prazo e custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados no país, bem como para o incremento das exportações brasileiras. Contribui, também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de capitais.
Os escritórios centrais do BNDES ficam localizados no Rio de Janeiro. Também há representações regionais em São Paulo (Departamento Regional Sul), Brasília(Departamento de Relações com o Governo) e Recife (Departamento Regional Nordeste), além de representações internacionais em Montevidéu, no Uruguai(inaugurado em 27 de agosto de 2009) e em Londres, na Inglaterra (inaugurado em 04 de novembro de 2009).

Subsidiárias

  • FINAME (Agência Especial de Financiamento Industrial): criada com o objetivo de financiar a comercialização de máquinas e equipamentos.
  • BNDESPAR (BNDES Participações): criada com o objetivo de possibilitar a subscrição de valores mobiliários no mercado de capitais brasileiro.
  • BNDES Limited: criada com a principal finalidade de aquisição de participações acionárias em companhias estrangeiras. Constituída em Londres, na Inglaterra.
O BNDES e suas subsidiárias compreendem o chamado "Sistema BNDES".

Críticas e controvérsias[editar | editar código-fonte]

As decisões sobre investimento de dinheiro público em empreendimentos privados são tema bastante subjetivo e controverso. "Apoiar empreendimentos", todavia é a principal função do BNDES: a formalização, transparência e neutralidade do BNDES tem sido questionada, e em meio às críticas alguns avanços foram conseguidos.

O BNDES e o novo modelo econômico

Em uma economia na qual o crédito privado é abundante e as empresas teoricamente sobreviveriam sem o crédito barato do governo, alguns economistas questionam o papel do BNDES. Outros defendem um novo posicionamento dos bancos estatais, com modificações no atual sistema, para continuar suportando o crescimento do país.1

Suprindo a demanda por crédito

Na área de infraestrutura, numa estimativa muito conservadora, o banco deverá liberar 30 bilhões de reais em 2009, além dos 25 bilhões de reais para novos projetos da Petrobras. Em fevereiro de 2009, o banco aprovou um financiamento para a construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no valor de 7,2 bilhões de reais, valor recorde para financiamento de um único projeto.2

Transparência e impactos socioambientais

No intuito de tornar o BNDES uma instituição mais democrática e aberta ao controle público sobre o desenvolvimento, mais de 30 organizações e movimentos sociais se reuniram para elaborar estratégias comuns de fiscalização, diálogo e constrangimento do banco. Desde 2007, a principal conquista deste grupo, batizado Plataforma BNDES,3 foi garantir uma base mínima de transparência aos projetos financiados pela instituição, que passou a divulgá-los no site BNDES Transparente.4
Diversos outros pontos, no entanto, listados no documento5 fundador da Plataforma BNDES, permanecem estagnados na avaliação do conjunto das organizações.6 A transparência sobre operações internacionais é considerada precária, assim como os critérios e parâmetros utilizados para aprovação dos projetos.7 Ao longo de 2011, diversos protestos tiveram como alvo empreendimentos financiados pelo banco, não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina.8


Ligações externas

  • Memórias do desenvolvimento Vol. 4 (4). Rio de Janeiro: Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, setembro de 2010. ISSN 1981-7789. A história do BNDES, desde os anos 1950 até o governo Figueiredo.

Referências