Os ambientalistas devem estar felizes, o Brasil perde indústrias rapidamente. Nossos acadêmicos continuam contentes, publicam papers a granel. Os banqueiros sorriem, financiam importações, apóiam negócios. Geramos empregos: pilotos de máquinas agrícolas, alimentadores de frangos, esquartejadores de bois. Temos autênticos mineiros e as ferrovias aparecem para carregar produtos que enchem graneleiros. Montamos automóveis, afinal, alguma coisa precisa ser feita aqui, ainda que pagando royalties monumentais. Tornamo-nos gente do mundo, milhões de brasileiros, alguns fanáticos por religiões importadas ou filhos e netos de imigrantes, mudaram para o exterior, levando para lá o pouco que aprenderam em nossas escolas, a maioria delas sustentadas pelo contribuinte nacional.
O artigo “Um Titanic chamado Brasil”, de Fritz Utzeri, merece a transcrição de alguns dados:
...no primeiro semestre deste ano o Brasil importou quase 200 milhões de dólares de lâmpadas, a maioria vindas da China, quase três vezes mais do que o total importado em 2009 no mesmo período. ... a desindustrialização do país que vai deixando progressivamente de fabricar e desenvolver produtos de alta e média tecnologia, um déficit que custa ao Brasil cerca de 23 bilhões de dólares anuais. ... em 1995 (portanto há 15 anos) a participação do setor industrial na composição do PIB era de 28% e hoje não passa de meros 13,5%. Só para comparar, a China (que há 30 anos tinha um PIB inferior ao Brasil é hoje a segunda economia do mundo e o setor industrial responde por 47% desse produto. Na Coreia do Sul, um quarto do PIB é gerado pela indústria... entre 1995 e 2009 o PIB brasileiro cresceu 47%, enquanto o da China aumentou praticamente 200% e o da Índia 136%. ... O Brasil perdeu espaço principalmente nas indústrias de bens de capital, química e eletroeletrônica, que registraram um déficit de 44 bilhões de dólares em 2009 (número já ultrapassado pelos dados preliminares deste ano que já chegam a 57 bilhões de dólares).
Ou seja, apesar da pilha monumental de recursos para pesquisa e desenvolvimento criados com os encargos sobre energia, transporte, máquinas etc. (Fundos Setoriais - FINEP) nossos pesquisadores e empreendedores desistiram de registrar patentes, de criar empresas no Brasil, cansaram de competir com nações sem os entraves legais e burocráticos existentes nessa terra que adora cartórios.
Talvez alguns economistas liberais tenham razão, cada povo deve fazer o que sabe produzir melhor. A questão é: quanto vale uma tonelada de soja? Qual o preço de uma tonelada de perfume? Quanto custa um quilograma de chips? Quanto recebemos por um kg de frango? O que fazemos para produzir um metro cúbico de madeira? O que é necessário para se ter um metro cúbico seda?
Naturalmente devemos aproveitar todas as oportunidades razoáveis de geração de empregos. Afinal temos gente de toda espécie e o ideal é que todos possam trabalhar, serem úteis.
0 drama é que resolvemos fazer leis de metro. Tantas leis exigem um número muito maior de decretos, normas, regulamentos, fiscais, tribunais, cadeias e limitações que transformam o Brasil no paraíso dos advogados, cartorários, juízes e carcereiros. Enquanto isso outros países mais espertos desregulamentam, simplificam, criam oportunidades.
O que incomoda é ver uma nação com tantas possibilidades de sair do patamar ruim em que se encontra continuar alienada, valorizando problemas importados, esquecendo seu povo que se acostumou a escravizar e humilhar.
Cascaes
10.7.2010
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