Qualquer espécie de empresa, companhia ou a mais simples
repartição pública do mundo sofrem os efeitos da má gestão técnica (diante das
fragilidades do ser humano vide (Nietzsche) ). Na sociedade civil
e militar inúmeras formas de cooptação e atribuição de valores facilitam a vida
dos incompetentes tecnicamente, mas extremamente habilidosos na arte da
bajulação. Essa fragilidade torna-se altamente perigosa em serviços essenciais
ou instalações e serviços que ofereçam risco de grandes acidentes.
A complexidade das estruturas para satisfação das
necessidades de sociedades mais e mais sofisticadas e dependentes de empresas
gigantescas é algo assustador, quando vemos “coisas” que vão da crise econômica
internacional, criada pela desonestidade de mega-executivos financeiros até a
sequência de apagões que se abateu sobre o Brasil.
A questão não é mais o bueiro voador, simplesmente, e sim
regiões brasileiras que ficam sem energia elétrica, por exemplo, porque algum
raio que o parta atrapalhou as férias do pessoal...
Fica a dúvida: qual é a situação real das grandes
hidrelétricas e suas barragens? As refinarias estão em mãos competentes?
Podemos acreditar no PréSal? Temos tranquilidade para morar e/ou trabalhar no
último andar de qualquer prédio?
No Brasil o gerenciamento de empresas caiu em lógicas de
oportunismo político e diretrizes simplórias, como, por exemplo, praticar
preços e tarifas ridículos.
Internacionalmente o problema não é muito diferente, afinal
a competição radical reduz margens de segurança em tudo, até na construção e
operação de grandes navios.
A humanidade deve e pode calcular riscos e avaliar custos e
benefícios. Para isso precisamos de transparência técnica total, sem o filtro
de “conselhos” e pudores pessoais assim como a nomeação de gerentes de
companhias de qualquer espécie (desde que de interesse público, como, por
exemplo, grandes bancos) e repartições públicas deve subordinar-se à
meritocracia e disciplinar-se pela boa gerência.
Um bom chefe, vamos falar assim, tem na qualidade de suas
decisões a prioridade zero. Para isso não pode ser eleito através de critérios
diferentes do que a própria e melhor competência técnica.
Infelizmente entende-se que as empresas são espaços livres
de famílias ou partidos políticos, organizações de atribuição de valores e
outras formas de coleguismo ou subordinação que não a qualidade do serviço.
Utopia ou não a sociedade precisa se preocupar com os
lugares que frequenta, os serviços que utiliza, o que consome etc.. No Brasil
até as Normas Técnicas devem ser compradas se o cidadão quiser saber o que
significam os selinhos e carimbos. Quantas normas regem a fabricação de um copo
de água?
A internet, quando funciona e é de boa qualidade, permite
transparência e avaliações importantes. A melhor fiscalização é aquela que o
alvo da auditagem não sabe quem, quando, onde e como está sendo avaliado.
Nossa Presidenta tem dito de imediato (após apagões,
incêndios etc.) que erros humanos são as causas de acidentes graves. Com
certeza o principal é a lógica de nomeação e de valorização de equipes
técnicas. Quem errou?
Cascaes
18.1.2013
Nietzsche, F. (s.d.). Humano, Demasiado Humano
(2 ed.). (A. C. Braga, Trad.) escala.
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