Racionalização ou PIB
Algo absolutamente estranho no Brasil é sentir que campanhas
a favor do uso racional da energia, cuidados com a produção de lixo, otimização
das cidades etc. é tema ausente nas propagandas e trabalhos de muitos governos,
principalmente na área federal.
Parece que o lema é “consumir que a Dilma garante”.
Em debates sobre o Setor Elétrico, por exemplo, temos a
impressão de que as palavras mais citadas são: subsídio, redução de encargos,
diminuição de tarifas.
Eventualmente ouvimos algo notável, mas os editorialistas
das grandes emissoras de TV preferem “os agentes” para debater em nosso nome
temas que nos afetam. Para estragar tudo, quando querem algo diferente levam
para seus programas pessoas que cansaram de dizer bobagens, de preferência
residentes em SP, onde ganham extras em suas ONGs e consultorias.
Realmente é difícil descobrir pessoas equilibradas,
competentes e com desprendimento para mostrar e falar com credibilidade.
A questão ambiental é severa, outros detalhes do Setor
Elétrico são significativos, mas precisam de conhecimentos técnicos profundos
para compreensão de pessoas leigas.
Credibilidade dos engenheiros? O exercício profissional e o
aluguel de conhecimentos é um problema sério que supera éticas e sinceridades.
Um país com duzentos milhões de habitantes precisa de tudo,
inclusive de projetos impactantes, fazer o quê?
Algo extremamente positivo foi ver nossa Presidenta
enfrentar ONGs radicais. Estavam parando o Brasil. Suas propostas eram caras e
extemporâneas, afinal aqui pagamos muito pelo que as nações mais atentas à
tecnologia e industrialização criaram, produzem e exportam.
Poderemos dentro de alguns anos ter soluções fantásticas e
acessíveis, elas estão sendo estudadas em grandes laboratórios e com recursos
sem limites. Grupos poderosos da indústria elétrica trabalham sem cessar, aqui
usamos essas empresas para esquemas de corrupção...
E nossa Presidenta economista, quer simplesmente aumentar o
PIB? Terá ido de um extremo ao outro? Há alguns anos o Governo Federal parecia
cauteloso demais, a sensação era a de que éramos reféns de xiitas verdes e indigenistas,
e agora?
Entre os extremos de políticas radicais e propostas feitas pelos
ambientalistas e a FUNAI, CIMI etc. contraditadas pelos que entendem em
“progressos” a qualquer custo deve existir um espaço mais sensato do que o
atual, principalmente quando descobrimos que o estímulo ao consumo de energia,
por exemplo, está custando caro demais.
Pior ainda, no modelo institucional e mercantilista do Setor
Elétrico imensos aproveitamentos de energia hidrelétrica estariam travados para
fábricas que mais exportam energia do que manufaturados com o máximo de valor
agregado? Qual é a lógica de defesa do consumidor comum e das condições
naturais do Brasil?
O absurdo da exportação formal de nióbio é um exemplo que
muitos patriotas já não têm voz para denunciar. Até quando?
A produção para exportação de alumínio, soja e até petróleo
e outras “commodities” (usando o anglicismo adorado pelos economistas) com
privilégios fiscais é algo criminoso, pois devasta e degrada espaços que,
cinicamente, os povos importadores depois apontam como nossos crimes contra a
Humanidade.
Naturalmente indústrias eletrointensivas e outras
consumidoras de produtos primários querem mais e pagar menos, é correto isso?
Estão ganhando direitos de exploração durante décadas “comprando” projetos com
que dinheiro? BNDES? FAT?
No Brasil havia a diretriz de condução para um mercado livre
e realista de energia, perdemos essa preocupação? O mercado livre é privilégio
de alguns? Tarifas reais são inflacionárias? A carga tributária adicional para
pagar a diferença não é custo?
Usam como referência países mais industrializados. Não
dizem, contudo, que enquanto aqui fazem lingotes de alumínio, ferro e aço,
rolos de papel etc. lá eles criam, desenvolvem e produzem artigos sofisticados,
inclusive painéis solares e outras máquinas e sistemas de aproveitamento de
energia renovável que não fazemos e querem vender.
Renunciamos à tecnologia da energia no início do século
passado, quando “grandes economistas” e até donos de jornais diziam que os
brasileiros deviam se limitar a produzir boi, café, látex, minério de ferro e
coisas assim.
Nações mais competentes exportam indústrias poluentes e
estimulam atividades industriais mais sofisticadas. Usam criteriosamente a
energia.
Felizmente avançamos e no caso das eólicas já existe no
Brasil uma capacidade de produção e desenvolvimento. Algumas fábricas
brasileiras competem ferozmente com países onde a miséria atual ou recente e a
novidade do desmonte de estruturas ditatoriais criam bolsões de trabalho
escravo.
Aproveitamos o submundo do capitalismo.
A Petrobras retomou pesquisas sofisticadas, mas está sendo
inviabilizada pela contenção de tarifas de combustíveis, é justo e necessário
agir assim?
Mataram a Eletrobras (tiraram os acentos agudos para facilitar
a internacionalização de nossas grandes estatais), para quê?
Combater a inflação sinalizando custos fictícios de energia
é um absurdo que na década de setenta quebrou o Brasil. Vamos repetir a dose?
Cascaes
2.3.2014
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