domingo, 27 de abril de 2014

Desenvolvimento aleatório e Brasil confuso


O Brasil aproveitou muito mal alguns anos de bonança recentes; perdeu oportunidades incríveis e abraçou projetos e figurinos que lhe eram hostis. A marola criada por gangsteres do mercado financeiro[1]penalizou o mundo sem exércitos (1) e por aqui outros usaram e abusaram da ingenuidade de nossos gestores sociais e econômicos (2). Quando da crise de 2007 muitas empresas no Brasil revelaram esquemas malditos contra o nosso povo, foram salvas? O resultado é assustador, estamos em situação delicadíssima no Setor Elétrico (apesar de obras gigantescas em andamento (1)); grandes portos, refinarias, aeroportos, etc. serão inaugurados nos próximos cinco anos (2), talvez projetos com custos desnecessários (fruto de modelos mercantilistas radicais com afetação política da pior espécie e talvez com os adicionais clássicos da corrupção), mas estruturais, decisivos ao nosso desenvolvimento [ (1), (2), (3)].
O Brasil passivamente aceita um padrão de moedas suspeito e extremamente perigoso e grandes empresas têm se aproveitado desta fragilidade, algo que ficou evidente nas franjas das marolas [(8), (9), (10)]. Por bem ou por mal assinou o Acordo de Basileia, mostrando a outros países como se comportava um gigante com medo e servil (11), ou seja, par e passo fazemos a festa de gente distante de nosso povo.
Vemos, além disso, a irresponsabilidade operacional (6) tendo como exemplo maior a promoção do consumo de energia quando deveríamos ser cautelosos e vendo uma cidade gigantesca à beira de um pesadelo por imprevidência, vai faltar água na capital paulista além de energia elétrica?
E a violência? A Saúde? A educação? O problema não é apenas no plano federal, na capital do Paraná, outrora motivo de orgulho dos curitibanos, mostra-se incrivelmente atrapalhada em seus projetos (6).
O atual Governo Federal iniciou seu mandato prometendo competência gerencial, mas  convergiu para a pior politicagem criando um bando de ministros até hilários chegando perto do número temido de quarenta guerreiros da incompetência, com raras e belas exceções (quais?).
No ziguezague ideológico e estratégico (se isso foi estratégia) agora voltamos ao colo dos banqueiros. O Governo Federal de plantão deveria ter usado seu poder para corrigir erros históricos e até constitucionais, preferiu acreditar nos votos dos analfabetos funcionais para se manter no Poder, para quê (7)?
O Brasil é um país que enfrenta uma sina tenebrosa desde a sua independência. Quiseram fazer de nós o que promoveram na Ásia e África, optaram por lá, mas introduziram aqui o que lhes interessava, as lógicas do mercantilismo selvagem e a submissão a banqueiros internacionais, após dívidas geradas em uma guerra contra o Paraguai, revoluções, levantes, quarteladas etc. Teorias ideológicas e corporativismo radical fizeram do Brasil um país sobrevivente por milagre (9). Esse país extremamente rico por natureza também viu suas elites escravagistas desprezarem o povo formado nessas terras, a maior parte com a vinda forçada de escravos. Não queriam a evolução da mão de obra barata (8).
Tivemos exceções e ficamos felizes de dizer que vimos muitas escolas apareceram em nossa cidade, com muito orgulho, afinal Blumenau nasceu e cresceu graças ao trabalho de seus pioneiros e descendentes. Comparando Santa Catarina com o resto do Brasil podemos avaliar o estrago que uma cultura preguiçosa gerou em nossa terra.
Felizmente o Brasil poderá melhorar muito, e muito mesmo.
Graças às redes sociais, acima de tudo, a censura e promoção de propostas impostas perde força. Nossos jovens não são tão alienados quanto querem que sejam. Viverão mais, sofrerão muito ainda com os desmandos de nossos líderes e de outros chefes empresariais, financeiros etc.; a inteligência da nossa garotada está sendo turbinada, apesar de uma legião de promotores do atraso intelectual.
O turismo em direção a outros países deve estar criando comparações nas cabeças mais lúcidas. É um fato novo que terá consequências.
O Brasil está prestes a mudar muito até por efeito da Copa do Mundo. A polêmica em torno da Fifa é didática. As obras externas às arenas eram necessárias, e a corrupção poderá ser justiçada. A anarquia técnica e o mau gerenciamento de obras, lamentavelmente, são fatos decorrentes de leis mal feitas e equipes despreparadas. Os contrastes poderão ser motivo de patriotadas dos gringos, mas nós certamente não nos sentiremos felizes em mostrar esse Brasil miserável que ainda existe.
Com certeza adiante alguma atitude maior será necessária, pois assim como os brasileiros preocupados com o futuro de sua Pátria sonham com um mundo melhor aqui os bandidos com todo tipo de figurino também evoluem aproveitando instituições desenvolvidas a seu favor. De alguma forma algo mais enérgico deverá acontecer, junho de 2013 foi um sinal de vida que não poderá desaparecer e tudo indica existir vigor latente entre os jovens mais lúcidos.
O ser humano é frágil e nada melhor do que ler e ouvir (agora via youtube encontramos lições fantásticas e filmes técnicos estão sendo produzidos) as últimas gerações de grandes filósofos, sociólogos e historiadores, principalmente[ (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20), (21), (22), (23) etc.]. À medida que debatem o ser humano e a preocupação com a vida terrena sentimos que temos um tremendo potencial para o bem ou para o mal, seja lá o que isso for.
Estamos num corredor polonês[2] em relação às próximas eleições. Habilmente os partidos políticos manobraram espertamente para que nada mudasse e os maiores níveis do Poder Judiciário prendem-se ao formalismo para proteger o que existe de pior e em condições de pagar boas bancas de advogados. Infelizmente os “Supremos” e alguns tribunais são formados por alianças entre o Poder Executivo e o Legislativo, desprezando o Poder Judiciário... Falamos muito da mercantilização de outras profissões, nada pior, contudo, do que sentir que a Justiça é sensível ao poder. O formalismo jurídico é um sinal de preguiça mental ou de outras vontades, talvez impublicáveis. Novidade? De modo algum e vale a leitura e estudo das obras de Michel Foucault e seus analistas para entender que as verdades são o produto do poder. O povo não atingiu em nenhum lugar do mundo, ou melhor, o ser humano, o nível de racionalidade necessário e suficiente para a solução de problemas clássicos tais como o nacionalismo radical, a xenofobia, o racismo, o fundamentalismo religioso, a elitização da sociedade, a defesa enérgica dos poderosos, as certezas absolutas, o poder político excessivo e até (pasmem!) o fanatismo esportivo.
É bom lembrar que toda a cultura humana foi construída com pessoas que viveram pouco e se alguns pensadores atingiram a longevidade seus alunos de modo geral não, ao contrário, acabaram se transformando em profissionais de ideias que não entendiam plenamente, mas eram extremamente convenientes a seus poderes. Nossos filhos, netos, bisnetos etc. poderão viver muito. Começam a vida em festas, baladas, “curtições”, afinal estão entupidos de hormônios, mas se viverem o tempo que a Ciência diz que terão com vitalidade cansarão das futilidades e poderão pensar mais, produzindo soluções para uma vida melhor.
A Humanidade precisa demais da boa Engenharia, Medicina, Urbanismo, Sociologia, Filosofia, Pedagogia, Juristas, etc. e de bons planejadores e de gente que tenha mais atenção com o seu povo do que com o tempo de mídia e da formação de bases e riquezas podres.
O ser humano é o que é e é muito importante aprender a ser feliz. A alegria de viver é importantíssima [ (24) e (25)]. O orgulho de ser especial, contudo, cria uma satisfação diferente, não artificial. É difícil de explicar, mas o homem ou a mulher medíocre sofre de tristezas crônicas ou, como acontece na Natureza, vive por viver, talvez causando invejas naqueles que não conseguem ser tão alegres com tantas besteiras.
O egoísmo, contudo, cobra um preço elevadíssimo quando a vida chega ao final. Aí normalmente falta tempo para rezar e pagar tantas penitências, a consciência aflora numa contabilidade cruel.
E o Brasil?
Com certeza precisamos mudar muito. Talvez os grandes partidos sofram revezes educativos. Lideranças tranquilas poderão acordar sem votos. Essa é a vingança que podemos exercer ao final deste ano que promete situações extremas até seu final, boas ou más, tudo dependerá de São Pedro e de nossa seleção de futebol.
Em tempo, a leitura do artigo (26) “De dia vai faltar água, de noite vai faltar luz” é imperdível.


Cascaes
27.4.2014

1. Ferguson, Charles. Trabalho Interno. Livros e Filmes Especiais. [Online] 2010. http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2012/01/trabalho-interno.html.
2. VINICIUS SASSINE, DANILO FARIELLO. TCU vê indício de perdas para BNDES com Eike. O Globo Economia. [Online] 30 de 11 de 2013. http://oglobo.globo.com/economia/tcu-ve-indicio-de-perdas-para-bndes-com-eike-10930118.
3. Um momento de revolta contra a irresponsabilidade de quem manda no Setor Elétrico . A formação do Engenheiro e ser Engenheiro. [Online] 26 de 4 de 2014. http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/2014/04/um-momento-de-revolta-contra.html.
4. O Grande Brasil que teremos em breve. Quixotando. [Online] 4 de 2014. http://www.joaocarloscascaes.com/2014/04/o-grande-brasil-que-teremos-em-breve.html.
5. Benayon, Adriano. As Fontes da Dívida brasileira. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 5 de 12 de 2013. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/12/as-fontes-da-divida.html.
6. —. Finanças e (sub)desenvolvimento. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 15 de 4 de 2014. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2014/04/financas-e-subdesenvolvimento.html.
7. —. O estratégico nióbio e a política suspeita via Lei Kandir e preços duvidosos de contabilização - a desnacionalização do Brasil. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 11 de 2013. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/11/o-estrategico-niobio-e-politica.html.
8. rossi, Pedro. O MERCADO INTERNACIONAL DE MOEDAS, O CARRY TRADE E AS TAXAS DE CÂMBIO. Observatório da Economia Global. [Online] Unicamp, 10 de 2010. http://www.iececon.net/arquivos/O_mercado_internacional_de_moedas.pdf.
9. Rossi, Pedro. Krugman e os impactos da política monetária americana no Brasil. Jornal do Brasil. [Online] 27 de 4 de 2014. http://www.jb.com.br/pedro-rossi/noticias/2014/03/21/krugman-e-os-impactos-da-politica-monetaria-americana-no-brasil/.
10. DERIVATIVOS E GOVERNANÇA CORPORATIVA - O CASO SADIA – CORRIGINDO O QUE NÃO FUNCIONOU. PUC. [Online] 7 de 8 de 2009. http://www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Seminario/textos_preliminares/101705%20Derivativos%20e%20Governan%C3%A7a%20Corporativa.pdf.
11. O Acordo da Basileia. Banco Central do Brasil. [Online] http://www.bcb.gov.br/?BASILEIA.
12. Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico. [Online] http://www.ilumina.org.br/.
13. Anarquia técnica - oportunismo politiqueiro - gerenciamento de obras e cidades - Curitiba - Viaduto Estaiado - Brasil. A formação do Engenheiro e ser Engenheiro. [Online] 4 de 2014. http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/2014/04/anarquia-tecnica-oportunismo.html.
14. Custo da Educação - Sen. Cristovam Buarque - sugestões - falta querer - metas - Lula e ironia - o ganho com a alfabetização - o faz de conta - reforma radical - o vício do petróleo. Mirante da Educação. [Online] http://mirante-da-educacao.blogspot.com.br/2014/04/custo-da-educacao-sen-cristovam-buarque_25.html.
15. Gomes, Laurentino. 1889. Livros e Filmes Especiais. [Online] 2013. http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/1889.html.
16. Cascaes, João Carlos. Livros e Filmes Especiais. [Online] http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/.
17. Foucault, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro : Editora Forense Universitária Ltda., 2010. p. 38. ISBN 978-85-218-0344-7.
18. —. Vigiar e Punir. s.l. : Vozes.
19. [org.], Frédéric Gros. Foucault - a coragem da verdade. [trad.] Marcos Marcionilo. s.l. : Parábola Editorial. ISBN 85-88456-25-7.
20. Candiotto, Cesar. Foucault e a crítica da verdade. Curitiba : Champagnat, 2010. p. 66.
21. Bertrand Russell, Paul Lafargue. A Economia do Ócio. s.l. : Sextante. Domenico De Masi - Organização e Introdução.
22. Russell, Bertrand. Principles of Social Reconstruction. US Cluster. [Online] George Allen & Unwin Ltd. http://ia600201.us.archive.org/17/items/principlesofsoci00russiala/principlesofsoci00russiala.pdf.
23. Hobsbawm, Eric. A Era das Revoluções 1789-1848. [trad.] Marcosd Penchel Maria Tereza Lopes Teixeira. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2004.
24. —. A Era do Capital 1848 - 1875. [trad.] Luciano Costa Neto. São Paulo : Paz e Terra, 2007.
25. —. Globalização, democracia e terrorismo. [trad.] José Viegas. s.l. : Companhia das Letras, 2007.
26. Arendt, Hannah. EICHMANN EM JERUSALÉM . s.l. : Companhia das Letras.
27. —. Entre o Passado e o Futuro. s.l. : Perspectiva, 2011.
28. —. Sobre a Revolução. [trad.] Denise Bottmann. s.l. : Companhia das Letras.
29. Spinoza, Baruch de. Ética - Demonstrada à Maneira dos Geômetras. s.l. : Martin Claret.
30. Yalon, Irvin D. O Enigma de Espinosa. [trad.] Maria Helena Rouanet. Rio de Janeiro : AGIR, 2013.
31. Nietzsche, Friedrich. Humano, Demasiado Humano. [trad.] Antonio Carlos Braga. 2. s.l. : escala.
32. Luc Ferry. Wikipédia. [Online] [Citado em: 10 de 6 de 2012.] http://pt.wikipedia.org/wiki/Luc_Ferry.
33. Ferry, Luc. Aprender a Viver - Filosofia para os novos tempos. [trad.] Vera Lúcia dos Reis. Rio de Janeiro : Objetiva, 2006. Tradução de: Apprendre à vivre - Traité de Philosophie à l'usage des jeunes générations. ISBN 978-85-390-0105-7.
34. Nêumanne, José. De dia vai faltar água, de noite vai faltar luz. Estadão/Opinião. [Online] 9 de 4 de 2014. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,de-dia-vai-faltar-agua-de-noite-vai-faltar-luz,1151264,0.htm.
35. Hobsbawm, Eric. Era dos Extremos. [trad.] Maria Célia Paoli Marcos Santarrita. s.l. : Companhia das Letras, 1998.
36. Baruch de Espinoza. Wikipédia. [Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/Baruch_Espinoza.
37. Rossi, Pedro. O MERCADO INTERNACIONAL DE MOEDAS, O CARRY TRADE E AS TAXAS DE CÂMBIO. [Online] UNICAMP / INSTITUTO DE ECONOMIA, 10 de 2010. http://www.iececon.net/arquivos/O_mercado_internacional_de_moedas.pdf.




[1] Merece ser visto - Trabalho interno é um documentário de 2010 acerca da crise financeira global de 2007-2012 dirigida por Charles H. Ferguson. O filme é descrito por Ferguson como sendo sobre "a corrupção sistêmica dos Estados Unidos pela indústria de serviços financeiros e as consequências da corrupção sistêmica."
Em cinco partes, o filme explora como as mudanças no ambiente político e as práticas bancárias ajudaram a criar a crise financeira. Trabalho Interno foi então bem recebido pela crítica que louvou seu ritmo, pesquisa e exposição de material complexo.
Foi exibido no Festival de Cannes de 2010 em maio e ganhou o Oscar de melhor documentário de 2011. Contou com entrevistas de George SorosBarney FrankLee Hsien Loong,Christine LagardeEliot SpitzerDominique Strauss-Kahn, entre outros. Wikipédia

[2] Expressão popular – fonte Wikipédia - Corredor polonês é o nome popular dado a uma passagem estreita formada por duas fileiras de pessoas alinhadas lado a lado, todas voltadas para o centro. O objetivo é maltratar, seja com pancadas ou com o uso de porretes ou arma branca, quem é forçado cruzar a passagem, como forma de represália a alguém que se posiciona contrário a certo ideal ou pessoa.

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