Análise de projetos – a arte ou ciência da Engenharia
Ao longo da vida profissional acumulamos conhecimentos e
dúvidas colossais, principalmente quando nos dedicamos a atividades que
dependem da qualidade e honestidades de muitas pessoas e empresas. Mais ainda,
vamos aprendendo a ironizar diante de números excessivamente precisos e
afirmações categóricas.
Uma certeza, entretanto, cresce sempre, a de que pessoas
intelectualmente honestas valem fortunas, pois merecem ser lidas e ouvidas
atentamente.
A tecnologia agora viabiliza tudo. Desde que inventaram as
calculadoras cheias de números ganhamos informações com valores ridiculamente
cheios de dígitos. Até os postos de combustíveis se atrevem a provocar a gente
informando preços até a terceira casa após a vírgula do litro da gasolina,
etanol (não é mais álcool) e diesel. Qual é a precisão de suas bombas de
abastecimento?
O pior é que gradativamente vamos aceitando isso e até
descobrindo em muitos relatórios feitos dentro de normas exigidas e aceitas por
entidades reguladoras números que dizem muito pouco.
O preciosismo inútil pode custar muito caro. Seria o caso de
se auditar a utilização e validade de medições que chegam a ser incrivelmente
frequentes e automatizadas e enviadas via internet para centros distantes.
A fragilidade dos estudos é um espanto.
Nossos sistemas de meteorologia e climatologia estão muito longe
do que seria desejável. Investimos centenas de bilhões de reais em
hidrelétricas e linhas de transmissão e quase nada em sistemas de monitoramento
do nosso meio ambiente. Agora aos poucos algo se faz. Muito, muito pouco em
relação ao que seria desejável.
O Brasil se transformou radicalmente. Florestas imensas
foram substituídas por plantações rasteiras, como ficam os históricos
hidrológicos dos rios, por exemplo?
Não interessa a muita gente poderosa a análise das águas de
nossos rios. Assim inibiram uma agência extremamente importante, a ANA (1) .
Mas, e os projetos de Engenharia?
Neles encontramos o padrão com derivações em função da
crença dos seus executores. O que pretendem vai funcionar?
Mais uma vez a questão: tudo depende da seriedade daqueles
que projetarem e construírem as obras minuciosamente desenhadas e talvez bem calculadas.
Atualmente é até fácil fazer bons projetos, a Engenharia de software,
ferramentas de cálculo e simulação, computadores excepcionalmente bons são
ferramentas poderosíssimas nas mãos de pessoas bem preparadas.
Pelo mundo descobrimos projetos magníficos e com eles a
certeza de que o conhecimento humano atingiu níveis elevadíssimos, pelo menos
na Engenharia. Atenção, contudo, grandes obras não são o resultado de coisas
pequenas feitas com mais material. Os parâmetros mudam, nem sempre de forma
linear; as equações se tornam mais complexas; a qualidade necessária e suficiente
aumenta exponencialmente; isso para dar uma visão simplista.
Assusta ver PDVs (2) e afirmações
simplistas em torno de construções gigantescas. Nem tudo é tão simples quanto
os leigos pensam...
O monitoramento de máquinas desde a prancheta, passando pelo
chão de fábrica até a colocação em operação é tarefa para gente muito boa,
tanto melhor quanto maior for a complexidade e responsabilidade da instalação
ou sistema.
Tudo precisa de honestidade e competência, aí é que mora o
perigo. No Brasil a honestidade parece ser relativa e em função de
companheirismos oportunistas.
O resultado é que a necessidade de se avaliar rigidamente
qualquer fornecedor, projetista, vendedor, operador etc. é uma imposição num
país que ainda não conseguiu avançar em sua forma de punir os maus
profissionais. Muitos até talvez tenham em seus critérios pagar alguma punição
para depois usufruir as benesses das armações criadas.
Vimos, perplexos, o que a Polícia Federal descobriu em seus
inquéritos. Parecia que os líderes das quadrilhas estavam até tranquilos, na
certeza de que a aposentadoria deles estaria garantida de muitas formas dentro
e fora dos presídios...
Concluindo e reafirmando, o fundamental é credibilidade,
seriedade, competência e liberdade para fazer bons trabalhos, se isto existir
teremos um bom grau de certeza no sucesso de qualquer proposta técnica.
Cascaes
10.05.2014
1. Agência Nacional de Águas - ANA. ANA. [Online]
http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx.
2. PLANO DE DEMISSÃO
VOLUNTÁRIA - PLANO DE APOSENTADORIA INCENTIVADA. Guia Trabalhista. [Online]
http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/pdv_pai.htm.
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