Estoques “just off time”
Houve tempo que o discurso era reduzir custos de
almoxarifado/logística com atendimento “just in time”[1]
de fornecedores distantes, mas em condições de aproveitar os sistemas de
transporte eficazes. Com certeza era e é uma estratégia inteligente se usada em
países onde isso não sirva de desculpa para atendimentos sem pressa, sob a
desculpa de que a peça ainda não chegou.
Principalmente as montadoras multinacionais de qualquer
coisa têm no Brasil um ambiente hostil a lógicas de logística racional, pois
aqui a burocracia e sistemas operacionais são imprevisíveis, sem falar de leis,
decretos, normas, regulamentos etc. em constante mutação. Dificuldades viabilizam
outros ganhos...
A decisão de realizar a Copa do Mundo e as próximas Olimpíadas
em nosso país estão se transformando em vexame internacional. Nossos governantes
esqueceram o cipoal burocrático, leis mal regulamentadas, burocratas ineptos
etc. além das espertezas daqueles que lucram com os atrasos.
O pesadelo vai de grandes empresas a questões elementares
como o atendimento de oficinas de veículos e equipamentos importados. Uma bateria
de um PC pode demorar mais do que imaginamos e um carro quase enferrujar
estacionado em alguma oficina esperando peça(s). Os casos relatados por amigos
e conhecidos beiram o absurdo.
Quando o Brasil quebrou e a reserva de mercado imperava
éramos, na Copel, obrigados a ter estoques imensos de peças para tudo, de
máquinas a aparelhos meio sofisticados. Isso custava caro, mas era
imprescindível numa empresa com responsabilidade estratégica, uma companhia de
energia.
Será que devemos voltar aos tempos dos almoxarifados cheios
de peças passíveis de utilização?
Os custos financeiros no Brasil são estratosféricos. Erros de
logística pesam no preço e sucesso de qualquer produto. Isso não incomoda
nossos caciques federais?
Parece que estamos trocando “just in time” por “jus off time”,
será razoável?
Temos legisladores que gastam tempo incrível debatendo
firulas, quando se debruçarão sobre as necessidades concretas, simples e
importantes?
O pesadelo é muito grande para pequenas empresas, pessoas e famílias
sem o prestígio dos maiores. Podem esperar, que esperem.
O que impressiona é a capacidade de nossas instituições
públicas e privadas gastarem tempos infinitos debatendo questões secundárias. Temos
problemas colossais e os temas de moda não são os essenciais, os prioritários.
A dengue já se incorporou ao nosso modo de viver, a
violência dá manchetes, gasta tempo de telejornais, a corrupção já deu mais
ibope etc., agora parece que o foco é liberar a maconha.
Talvez os viciados em drogas tenham razão, para aguentar
tanta incompetência uma compensação e “relaxar e gozar”, como disse uma ex-ministra,
e aproveitar um baseado ou coisa parecida para facilitar a alienação.
Cascaes
12.5.2014
[1] Just in time é
um sistema de administração da produção que
determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora
exata. Pode ser aplicado em qualquer organização, para reduzir estoques e os
custos decorrentes. O just in time é o principal pilar do Sistema Toyota de Produção ou produção enxuta.
Com este sistema, o produto ou matéria prima
chega ao local de utilização somente no momento exato em que for necessário. Os
produtos somente são fabricados ou entregues a tempo de serem vendidos ou
montados.
O conceito desse sistema está relacionado ao
de produção por demanda, onde primeiramente vende-se o produto para
depois comprar a matéria prima e posteriormente fabricá-lo ou montá-lo.
Nas fábricas onde está implementado, o stock
de matérias primas é mínimo e suficiente para poucas horas de produção. Para
que isto seja possível, os fornecedores devem ser treinados, capacitados e
conectados para que possam fazer entregas de pequenos lotes na frequência
desejada.
A redução do número de fornecedores para o
mínimo possível é um dos fatores que mais contribui para alcançar os potenciais
benefícios da política just in time. Esta redução, gera, porém,
vulnerabilidade em eventuais problemas de fornecimento, já que fornecedores
alternativos foram excluídos. A melhor maneira de prevenir esta situação é
selecionar cuidadosamente os fornecedores e arranjar uma forma de proporcionar
credibilidade dos mesmos de modo a assegurar a qualidade e confiabilidade do
fornecimento (Cheng et. al., 1996, p. 106). Um dos casos em que esta
redução trouxe resultados negativos foi depois do terremoto que devastou o Japão em
março de 2011, quando muitas indústrias (inclusive as montadoras da Toyota) ficaram
sem fornecimento de matérias-primas por meses, afetando também a produção em
outras plantas ao redor do mundo.1 Os
grandes fornecedores da montadora também compravam suas matérias-primas de
poucos pequenos fornecedores, o que contribuiu para que toda a cadeia de
suprimentos ficasse concentrada na dependência de poucas fábricas, agravando
ainda mais o problema neste episódio do Japão.
As modernas fábricas de automóveis são
construídas em condomínios industriais, onde os fornecedores just in
time estão a poucos metros e fazem entregas de pequenos lotes na mesma
frequência da produção da montadora, criando um fluxo contínuo.
O sistema de produção adapta-se mais
facilmente às montadoras de produtos onde a demanda de peças é relativamente
previsível e constante, sem grandes oscilações.
Uma das ferramentas que contribui para um
melhor funcionamento do sistema Just in Time é o Kanban.
Wikipédia
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