terça-feira, 12 de agosto de 2014

Processos licitatórios - racionalização dos processos licitatórios

Concorrências públicas
Imagine se ao querer comprar uma casa ou automóvel você fosse obrigado a apresentar projeto e estudos minuciosos, com certeza estaria morando no mato e andando a pé.
No Setor público é isso o que acontece. Estatais, autarquias, repartições públicas são obrigadas a criar etapas para contratação de projetos, obras e serviços viabilizando mil formas de ajustes em detrimento do interesse do contribuinte e do povo em geral.
Independentemente da Lei 8.666/93 secretarias e agências costumam pedir estudos com informações que possuem, quando simplesmente deveriam exigir as conclusões e recomendações para cada projeto. Mais ainda, desde a invenção das calculadoras com muitos dígitos vemos estudos com o preciosismo das bombas de combustível dos postos de gasolina onde o preço do litro é anunciado até o terceiro dígito após a vírgula do Real/litro, pode?
A Lei 8.666/93, item mais famoso dessa artilharia contra bons produtos, serviços e projetos, é de uma ingenuidade e ignorância espantosas. Pode servir para obras gigantescas e rotineiras, onde os candidatos são poucos e não raramente se “acertam” durante o processo licitatório. Ou seja, nem para evitar armações ilimitadas essa lei foi útil. O que os especialistas em leis desprezaram foi, acima de tudo, a boa Engenharia [ (1), (2)], Arquitetura, Urbanismo etc. em favor do formalismo tradicional de nossa sociedade, sempre muito esperta em criar complicações para poder cobrar facilidades.
Em qualquer profissão os melhores escapam a qualquer capacidade de avaliação simplória. Diplomas não dizem nada, muito menos registros em corporações de defesa da profissão. Do esporte a obras de arte, do bom artífice ao grande engenheiro, médico, mecânico etc. sempre estaremos mirando pessoas que fogem à média da compreensão e terão valor imensurável em tudo que se dedicarem. O povo, o usuário, o contratante, a empresa e a comunidade serão os usuários ou pacientes do que vier a ser feito, sem esquecer nunca, o que é irrelevante quando falamos de nossa seleção de futebol, por exemplo, que a qualidade é preço, salário. Quem reclama do custo de seus craques?
O que devemos saber?
Acima de tudo as condições de contorno e tão matematicamente quanto possível para podermos medir, aferir, monitorar. confiabilidade[1], MTTF[2], MTBF[3], respeito a normas técnicas, aceitação popular, enquadramento em situações ambientais e compensações dignas às pessoas impactadas pelas obras e serviços; é o que podemos relacionar expeditamente, sem medo de errar muito, contudo.
O pior é a falta de transparência e acessibilidade a critérios e motivações. É até interessante notar que somos diariamente vítimas de decisões de gabinete, onde, além de “coisas” que podem se transformar em escândalos, criam sucessivamente elementos de transformações radicais ao gosto dos chefes de plantão e para imposição a todos nós. Sem maiores preocupações burocratas poderão determinar ou impor atrasos de custos altíssimos; nada acontece com os autores dessas decisões se, terminados os prazos, candidamente nada de significativo for acrescentado ao processo. Para um profissional de escrivaninha é algo natural paralisar grandes obras se Suas Excias. tiverem alguma dúvida. Por exemplo, o que a imprensa noticia faz sentido sobre o novo aeroporto de Florianópolis (3)? Um canteiro parado degrada a obra e cria custos enormes...
No Brasil há um tremendo caminho de desburocratização a ser trilhado, se possível, com máxima competência. Além de tudo as repartições públicas parecem trabalhar contra a nação. O que fazer com esse pessoal? Que país estranho é o Brasil...
E os editais?
Prioritariamente devemos, isso sim, dizer o que queremos, dessa forma um processo licitatório assim como normas, regulamentos, portarias e coisas dessa espécie teriam credibilidade e os famosos editais seriam sucintos, objetivos e se resumirem a poucas páginas.
Os artigos (4), (5), (6) etc. mostram preocupações com as mudanças em discussão no Congresso Nacional na Legislação pertinente a licitações públicas. Ótimo, o tema é vital ao nosso país merecendo debates amplos e irrestritos; mudar para pior é burrice e do jeito que está também não dá para continuar. Condenar o Governo por essa iniciativa é demonstração de perda de sensibilidade ou inexperiência total. Só quem a teve o comando de grandes empresas sabe quanto é difícil agradar os censores.
Com certeza ir de um extremo a outro não é prudente (7), mas devemos, ou melhor, nossos legisladores precisam racionalizar a legislação existente.
Resumindo podemos afirmar que um edital severo pode ser feito em poucas páginas, deixando tudo para o contratado(a), ou quase tudo, pois o principal é saber o que se quer e transformar isso em texto objetivo, compacto e com detalhes apenas necessários e suficientes, dando ampla publicidade e possibilidade de debates a quem duvidar da validade das decisões.
Paralelamente o Poder Judiciário deveria desenvolver padrões respeitáveis e sumários de julgamento de “desvios de conduta”. As obras mais caras são aquelas que não terminam e os riscos de projetos mal concebidos ou mal feitos são evidentes, no que volta e meia somos brindados pelo noticiário, quando não mostrando acidentes absurdos.
A empresa vencedora deveria atuar para atender o que se pretende, e isso pode ser minuciosamente descrito em audiências públicas e em textos curtos e precisos. Para maior garantia impõe-se a exigência de respeito a normas técnicas devidamente relacionadas e a contratação de auditorias durante a obra e após a conclusão.
Seguradoras e contratos de seguro de boa qualidade completariam a rotina.
É bom lembrar que a vigilância permanente e aleatória é a mais eficaz garantia de sucesso. É ingenuidade delegar compromissos de cidadania. Todos somos responsáveis.
Quando chegaremos lá?

Cascaes
12.8.2014

1. Anarquia técnica - oportunismo politiqueiro - gerenciamento de obras e cidades - Curitiba - Viaduto Estaiado - Brasil. A formação do Engenheiro e ser Engenheiro. [Online] 4 de 2014. http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/2014/04/anarquia-tecnica-oportunismo.html.
2. Cascaes, João Carlos. A formação do Engenheiro e ser Engenheiro. A formação do Engenheiro e ser Engenheiro. [Online] http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/.
3. Infraero suspende obras de expansão no aeroporto de Florianópolis. G1. [Online] 12 de 8 de 2014. http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/08/infraero-suspende-obras-de-expansao-no-aeroporto-de-florianopolis.html.
4. Nunes, Augusto. Regime Diferenciado de Contratações volta ao Congresso disfarçado de PLS 559/2013. 2014. [Online] 8, 4. http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/opiniao-2/regime-diferenciado-de-contratacoes-volta-ao-congresso-disfarcado-de-pls-5592013/.
5. Quintella, Luiz. A Lei 12.462/2011 como norma geral de licitações. JUS navigandi. [Online] 7 de 2014. http://jus.com.br/artigos/30394/a-lei-12-462-2011-como-norma-geral-de-licitacoes.
6. A lei 8.666/93 e o regime diferenciado de contratações. Artigonal. [Online] 21 de 7 de 2014. http://www.artigonal.com/legislacao-artigos/a-lei-866693-e-o-regime-diferenciado-de-contratacoes-7050348.html.
7. Rezende, Renato Monteiro de. O REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS: comentários à Lei nº 12.462, de 2011. Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado. [Online] agosto de 2011. http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td-100-o-regime-diferenciado-de-contratacoes-publicas-comentarios-a-lei-no-12.462-de-2011.





[1] Wikipédia - O estudo da confiabilidade surgiu com a necessidade crescente da indústria.
Em alguns campos da engenharia, a confiabilidade é vital: construções como usinas nucleares, aeroplanos, submarinos, são intoleráveis a falhas.
Embora o conceito de confiabilidade tenha nascido para identificar defeitos em produção de larga escala, ultimamente a confiabilidade tem tido um grande avanço na função manutenção das empresas, com o intuito de aumentar a disponibilidade dos equipamentos. Assim surgiu a Engenharia de Confiabilidade, função responsável por manter o parque fabril com uma disponibilidade (Up Time) maior possível.
Uma ferramenta importante no auxílio do Engenheiro de Confiabilidade é uma base de dados sólida e confiável a respeito da vida dos equipamentos sob sua guarda. Neste campo, podemos citar os softwares da categoria CMMS, Computerized Maintainance Management System ou Sistema Computadorizado de Gerenciamento da Manutenção. Existem centenas, talvez milhares de softwares deste tipo, com custos que vão de centenas de dólares a dezenas de milhares de dólares, sendo parte integrante da função do Engenheiro de Confiabilidade escolher aquele que melhor se adapta à sua realidade.
[2] Technopedia - Mean time to failure (MTTF) is the length of time a device or other product is expected to last in operation. MTTF is one of many ways to evaluate the reliability of pieces of hardware or other technology. http://www.techopedia.com/definition/8281/mean-time-to-failure-mttf
[3] Wikipédia - MTBF ("Mean Time Between Failures") ou período médio entre falhas é um valor atribuído a um determinado dispositivo ou aparelho para descrever a sua confiabilidade. Este valor atribuído indica quando poderá ocorrer uma falha no aparelho em questão. Quanto maior for este índice, maior será a confiabilidade no equipamento e, consequentemente, a manutenção será avaliada em questões de eficiência.

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