terça-feira, 4 de outubro de 2011

Choque de realidade na FIFA, nossos grevistas e o pacto federativo

Choque de realidade na FIFA, nossos grevistas e o pacto federativo.
Nossa Presidente Dilma Rousseff está dizendo a que veio. Discretamente toureia sua base aliada e enfrenta a tormenta econômica, que se abateu sobre um mundo irresponsável e perdulário.
Na Europa, que festa! Era TGV e museu para todo lado, agora precisam pagar. Estudos de viabilidade? Seguros? Planos de pagamento? Construíram tudo sobre o otimismo pouco sensato de receitas que diminuem, e agora?
No Brasil vimos estádios de futebol serem implodidos ou sob reformas radicais. Só as obras do Maracanã custarão o equivalente a 50 mil casas populares ou 4,7 mil ônibus escolares de grande porte para a área rural ou mais de sete mil ambulâncias, vale a pena? O livro (Operação Araguaia - os arquivos secretos da guerrilha, 2011) relata a avaliação do General Antônio Bandeira (pg. 311) sobre a região em que atuaram combatendo os comunistas, situação não muito diferente do que vimos e ouvimos em tempos mais recentes no interior do Brasil. Em Curitiba, Capital Ecológica, milhares de famílias catam lixo pelas ruas para sobreviverem de forma humilhante, ou seja, temos problemas reais que precisam ser resolvidos com urgência.
Neste cenário, ontem, dia 3 de outubro de 2011, gostamos de ver a cara do representante da FIFA saindo de reunião com nossa Presidente, descobriu que o Brasil e nosso povo têm limites no atendimento a caprichos dessa empresa e seus associados.
Gostamos de futebol, sim. Já fomos torcedores apaixonados.
Em Blumenau, anos cinquenta, não perdíamos os jogos do Palmeiras. O arrefecimento começou quando soubemos, em janeiro de 1959, que o Vasco da Gama vendera três grandes jogadores para os italianos, venderam? Jogavam por quê? Bem mais tarde, visitando Belo Horizonte em atividades profissionais ficamos surpresos ao descobrir até sentimentos de ódio por opções de time, seria possível? A violência nos estádios levou-nos a frequentá-los apenas uma vez, só para ver um grande jogo e conhecer as arenas, como agora são corretamente chamadas. Os gladiadores sabem que são pagos...
E os grevistas, quanta ironia ou cinismo em suas declarações. Falam de banqueiros e fecham bancos estatais, reclamam de serviços e abusam de monopólios... afinal têm exemplos, até no Poder Judiciário o desprezo pela opinião pública impressiona.
O Brasil precisa de super-gerentes e um novo pacto social. Leis federais em excesso travam e ofendem culturas locais. Se para alguns é justo e natural não trabalhar, para outros isso surpreende, mais ainda quando se conhece suas razões. Leis da República nivelam, igualam cenários radicalmente diferentes. Talvez ajudando alguns, com certeza atrapalhando outros.
Uma federação de estados relativamente independentes traz a vantagem de se poder demonstrar soluções diferentes, compará-las, estimular ajustes onde for necessário. Naturalmente algumas leis são de valor natural, geral. Essas nem a FIFA pode mudar. Outras, dependendo do lugar, até permitem ajustes.
E a Copa do Mundo de 2014?
Nas últimas Copas do Mundo vimos quanto custou atender algumas liberalidades. Os investimentos em proteção de jogadores e torcedores foram colossais e as medidas de segurança explicitamente constrangedoras. Ou seja, até quem não aprecia tanto essa correria atrás de uma bola cheia de ar viu-se submetido a restrições absurdas.
Devemos cultivar o esporte, é mais barato do que gastar energia em guerras. É burrice desprezar a realidade, será tempo de se promover luxos tão absurdos?
Cascaes
4.10.2011
Taís Morais, E. S. (2011). Operação Araguaia - os arquivos secretos da guerrilha. Geração Editorial.

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