Dinheiro – a base da fortuna ou da desgraça – a civilização
e o Brasil
Afinal o que é dinheiro? O que significa? Ouro? Moedas? Títulos?
Propriedades? Poder?
Podemos imaginar alguém caindo de paraquedas no meio do
maior deserto do mundo sobre uma montanha de moedas, peças de ouro, diamantes, ao
lado de lagos de petróleo, podendo se apropriar de toda a terra em volta, e não
ter ali água, sombra, proteção de uma casa, alimentos, remédios essenciais
etc.?
O que essa pessoa faria para ter alguns dias mais de vida se
pudesse trocar as “riquezas” que descobriu pelo que precisa? Mais ainda, de
carinho, amor, pessoas queridas junto para alegria de todos?
Precisamos entender o que significa dinheiro para chegar aos
problemas brasileiros...
O dinheiro (1) surgiu ao longo da
história da Humanidade para servir de instrumento de troca e guarda de valores
que permitissem a seus usuários ter o que precisassem para sobreviver, viver, e
melhorar de vida. É, contudo, um simples instrumento de troca de trabalho e de
coisas e valores de tudo o que nos interessa.
Por mais ricos que todos sejam, entretanto (acumulando
moedas e similares), o dinheiro e todas as riquezas do mundo talvez não sejam
suficientes para tornar as pessoas felizes e a aparentemente mais miserável
delas talvez viva muito alegre e satisfeita com o mínimo que puder arranjar
para sobreviver.
A felicidade é algo subjetivo, cultural, interno às pessoas
e é um erro monumental esquecer isso que talvez venha a fazer mais falta que
todos os valores que o ser humano puder conquistar.
Seja como for o dinheiro é essencial à nossa sociedade mais
e mais populosa.
Talvez tenha sido a invenção mais importante da história da
humanidade, pois seria impossível pensar em outra forma de troca de produtos (e
sobrevivência) em escala planetária. Até países que ideologicamente renegaram o
conceito de dinheiro e capital acabaram por produzi-los discretamente, exceto
em sociedades absolutamente fechadas, sem liberdade, muitas delas monásticas,
castradas de tudo, inclusive do direito de ter filhos e filhas.
O formato do dinheiro e a sua matéria prima sofreram
transformações ao longo da história chegando aos tempos atuais quando cartões
de crédito são autênticos produtores de moeda a ponto de na Colômbia, por
exemplo, termos sentido restrições ao uso deles em viagem há poucos anos, a
explicação: geram inflação e o Governo inibe seu uso.
A má produção de moedas e sua criação com excesso de
facilidades realmente servem para desvalorizar seus significados. Acima de tudo
a moeda precisa ter valor fiduciário[1] (2) , conversibilidade em
alguma referência[2] ou
natural, por exemplo, a troca e acumulação de animais e terras que o
proprietário depois usará para comprar o que realmente lhe interessa.
A descoberta de jazidas gigantescas de ouro e prata fez da Espanha
e Portugal países com governantes despreocupados com certas obrigações, assim
como o Petróleo poderá ser a ruína de países exportadores desse insumo para
combustíveis e a petroquímica.
Note-se ao longo da História da Humanidade a ascensão e a queda
de nações que enriqueceram e depois empobreceram em rotas comerciais ou poderes
construídos sobre o valor de poucos produtos. O Brasil coleciona exemplos
clássicos e de triste memória em torno da monocultura e até da exploração
mineral em algumas regiões.
Argentina e Uruguai ganharam fortunas com a produção de
carne, esqueceram que bois e plantações têm limites. Desperdiçaram riquezas
monumentais.
A Educação para o trabalho, a produção intelectual e
industrial, qualidades de organização e disciplina têm demonstrado a excelência
de valores capazes de enfrentar e reerguer nações...
Mais ainda, é essencial educar para o trabalho e
gerenciamento severo de recursos pessoais e familiares. A nação é o coletivo de
seus indivíduos e nada melhor que indicadores de sucesso (ou não) para
demonstrar se nossas estratégias educacionais estão certas ou erradas.
Vivemos num país incrivelmente rico, e grande parte de nossa
população sobrevive mal e porcamente em função de interesses e conveniência mórbidas
de corporações e oligarquias[3]
insaciáveis.
Até na “produção” de dinheiro temos critérios simplórios.
Imagina-se que países soberanos emitam dinheiro de acordo
com suas possibilidades, algo, contudo, que o Brasil perdeu por força de
decisões constitucionais estranhas, viabilizando uma tremenda fonte de recursos
para grandes bancos, depositários de títulos e riquezas da nação que assim usam
e lucram conforme suas vontades [ (3) , (4) ].
Ou teremos perdido nossa soberania quando pedimos empréstimos para enfrentar
convulsões internas e externas?
Sejam quais forem as estratégias um país de dimensões
continentais e excessivamente centralizador precisa de extrema competência no
gerenciamento de seus recursos fiscais e capacidade de produção de riquezas. Por
aí nossa história é extremamente infeliz e, com certeza, uma das principais
razões está na contracultura que repele o trabalho produtivo e inovador, a
falta de uma estratégia eficaz de distribuição de impostos e responsabilidades
e a desonestidade que tem nessas condições todas as oportunidades possíveis.
Ficamos perplexos analisando o ziguezague ideológico e
estratégico (existe uma estratégia de desenvolvimento do país ou de
enriquecimento de empreiteiras, empresários oportunistas, bancos e especuladores?)
de nossos governantes que, com raras exceções desperdiçam montanhas de dinheiro
do contribuinte a favor de prioridades políticas da pior espécie.
Com certeza muitos temem e se assustam com as redes sociais,
filmes e até viagens ao exterior. Principalmente nossos jovens devem estar
percebendo que muitas de suas desesperanças são o resultado de maus governos. O
que aconteceu em junho de 2013 assustou e levou nossas elites estatais e
privadas a se articularem de modo a desmoralizar a revolta popular.
Para sorte dessa gente existe a Copa do Mundo para distrair
todo mundo; não contavam, entretanto, com o castigo divino que pode rebentar
com a imagem de muita gente. A estiagem em São Paulo e sul de Minas Gerais tem
um tremendo potencial de perturbação e de conscientização da população, afinal,
o que levou o Brasil a esta situação?
Cascaes
29.4.2014
1. Dinheiro. Wikipédia. [Online]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinheiro.
2. Moeda Fiduciária. Mundo
dos Bancos. [Online] http://www.mundodosbancos.com/moeda-fiduciaria/.
3. Benayon, Adriano.
As Fontes da Dívida brasileira. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online]
5 de 12 de 2013.
http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/12/as-fontes-da-divida.html.
4. —. Finanças e
(sub)desenvolvimento. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online]
15 de 4 de 2014. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2014/04/financas-e-subdesenvolvimento.html.
[1]
Moeda Fiduciária é qualquer título
não-conversível, ou seja, não é lastreado a nenhum metal (ouro, prata) e não
tem nenhum valor intrínseco. Seu valor advém da confiança (fidúcia,
do latim fidere = confiar) que as pessoas têm de quem emitiu o
título. A moeda fiduciária pode ser uma ordem de pagamento (cheques,
por exemplo), títulos de crédito, notas promissórias, entre outros. Mundo
dos Bancos - http://www.mundodosbancos.com/moeda-fiduciaria/
[2]
O padrão-ouro não foi
pré-projetado, mas sim surgiu a partir de uma aceitação geral da utilidade do
ouro como uma moeda universal. Quando as mercadorias competem pelo papel
da moeda, aquela que com o passar do tempo perde o menor valor toma o papel. O
uso do ouro como dinheiro data de centenas de anos sendo que as primeiras
moedas de ouro conhecidas foram cunhadas na cidade-estado grega de Lídia, na
Ásia Menor, por volta de 610 a.C. Sabe-se que as primeiras moedas cunhadas na
China datam de 600 a.C.4 Durante
aIdade
Média, a moeda de ouro Soldo do Império Bizantino, também conhecida como Bezante,
circulou pela Europa e Mediterrâneo. Mas assim que a influência econômica do
Império Bizantino declinou, o mundo europeu tendeu a considerar a prata, ao
invés do ouro, como a moeda de escolha, levando ao desenvolvimento de um padrão-prata. Pennies de
prata, baseado no Denário romano, tornou-se a moeda básica da Grã-Bretanha por
volta da época do Rei Offa, 796 d.C., e moedas
semelhantes, incluindo o denari italiano, o denier francês, e o dinero espanhol circularam
pela Europa. Depois da descoberta espanhola de grandes depósitos de prata em Potosí e
no México durante
o século XVI, o comércio internacional passou a depender de moedas como o dólar espanhol, o taleiro de Maria Theresa,
e, na década de 1870, o dólar de comércio dos
Estados Unidos.
Nos tempos modernos, as Índias Ocidentais Britânicas foram
uma das primeiras regiões a adotar o padrão-ouro. Depois da proclamação da
Rainha Ana em 1704, o padrão-ouro das Índias Ocidentais Britânicas era um
padrão-ouro de facto com base na moeda de ouro espanhola dobrão. No ano
de 1717, o mestre da Casa da Moeda Real, Sir Isaac
Newton, estabeleceu uma nova razão de cunhagem entre a prata e ouro que
teve efeito na retirada da prata de circulação e a inclusão da Grã-Bretanha no
padrão-ouro. No entanto, apenas em 1821, depois da introdução da soberania do ouro pela
nova Casa da Moeda Real em Tower Hill no
ano de 1816, o Reino Unido foi colocado formalmente no padrão-ouro, a primeira
das grandes potências industriais. Logo seguiram o Canadá em 1853, Newfoundland em
1865, e os Estados Unidos e Alemanha de jure em
1873. Os Estados Unidos usaram a Águia como sua unidade, e a
Alemanha introduziu marco de ouro, enquanto o Canadá
adotou um sistema dual baseado tanto na Águia de ouro estadosunidense quanto na
Soberania de ouro britânica.
A Austrália e
a Nova Zelândia adotaram o padrão-ouro britânico,
assim como as Índias Ocidentais
Britânicas, enquanto Newfoundland era o único território do Império
Britânico a introduzir sua própria moeda de ouro como padrão. Sucursais da Casa
da Moeda Real foram estabelecidas em Sydney, Nova
Gales do Sul, Melbourne, Vitória e Perth, Austrália Ocidental com o objetivo de
cunhar soberanos de ouro a partir dos ricos depósitos de ouro da Austrália.
A crise da moeda de prata e das cédulas
(1750-1870)[editar | editar
código-fonte]
No final do século XVII, guerras e o comércio
com a China, que vendeu à Europa mas teve pouco uso para os bens europeus,
drenaram a prata das economias da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. As
moedas foram cunhadas em números cada vez menores, e havia uma proliferação de
notas de bancos e ações usadas como dinheiro.
Na década de 1790, a Inglaterra, que sofria
uma grande escassez de moedas de prata, cessou a cunhagem das moedas de prata
maiores, emitiu moedas de prata em "fichas" e prensou moedas
estrangeiras. Com o fim das guerras napoleônicas, a Inglaterra começou um programa massivo de
recunhagem que criou soberanos de ouro, coroas e meias-coroas, e
eventualmente pences de cobre em 1821. A recunhagem de prata na Inglaterra após
uma grande seca produziu uma explosão de moedas: a Inglaterra atingiu cerca de
40 milhões de shillings entre 1816 e 1820, 17 milhões de
meias-coroas e 1,3 milhões de coroas de prata. A Lei de 1819 para a retomada
dos pagamentos em numerário definiu 1823 como a data para a retomada da
conversibilidade, mas alcançada já em 1821. Por toda a década de 1820, pequenas
notas eram emitidas pelos bancos regionais, que foram finalmente restritos em
1826, enquanto foi permitida ao Banco da Inglaterra a criação de sucursais
regionais. Em 1833, no entanto, as notas do Banco da Inglaterra ganharam força
legal, e a retomada pelos outros bancos foi desencorajada. Em 1844, o Bank
Charter Act estabeleceu que as notas do Banco da Inglaterra,
completamente vinculadas ao ouro, eram de cunho legal. De acordo com a
interpretação estrita do padrão-ouro, essa lei de 1844 marca o estabelecimento
de um padrão-ouro completo para o dinheiro britânico.
Os Estados Unidos adotaram um padrão-prata
baseado no dólar fresado espanhol em 1785. Isto foi codificado na Lei da Casa
da Moeda e Cunhagem, e pelo uso por parte do Governo Federal do "Banco dos
Estados Unidos" para guardar suas reservas, bem como estabelecendo uma
razão fixa de ouro em relação ao dólar americano. Iso era, na verdade, um
padrão-prata derivado, visto que não se exigia que o banco mantivesse uma
relação da prata com a moeda emitida. Começou uma longa série de tentativas nos
Estados Unidos para criar um padrão bimetálico para o dólar americano, que
continuaria até a década de 1920. As moedas de ouro e prata tinham cunho legal,
incluindo o real espanhol, uma moeda de prata cunhada no hemisfério ocidental.
Devido à grande dívida tomada pelo Governo Federal estadosunidense para
financiar a Guerra Revolucionária, moedas de prata cunhadas pelo governo
deixaram de circular, e em 1806 o Presidente Jefferson suspendeu a produção de
moedas de prata.
O Tesouro dos Estados Unidos foi colocado em
rígido padrão de dinheiro, fazendo negócios apenas em moedas de ouro e prata
como parte do Independent Treasury Act de 1848, que legalmente
separou as contas do Governo Federal do sistema bancário. Entretanto, as taxas
fixas do ouro e da prata sobrevalorizaram a prata em relação à demanda por ouro
no comércio e empréstimos com a Inglaterra. A fuga do ouro em favor da prata
levou à procura do ouro, incluindo a Corrida do Ouro da Califórnia de 1849.
Seguindo a Lei de Gresham, a prata se multiplicou nos Estados
Unidos, que comerciava com outros países que usavam a prata, enquanto o ouro se
tornou escasso. Em 1853, os EUA reduziram o peso das moedas de prata para
mantê-las em circulação, e em 1857 removeram a condição de cunho legal da
cunhagem estrangeira.
Em 1857, a crise final da era dos bancos
livres das finanças internacionais começou, com os bancos norte-americanos
suspendendo o pagamento em prata, repercutindo no jovem sistema financeiro
internacional dos bancos centrais. Nos Estados Unidos, esse colapso foi um fato
que contribuiu para a Guerra Civil Americana, e em 1861 o governo dos EUA
suspendeu o pagamento em ouro e prata, terminando de fato com as tentativas de
formar um padrão-prata para o dólar. Durante o período 1860-1871, várias
tentativas de ressucitar os padrões bimetálicos foram feitas, incluindo uma
baseada no franco de ouro e prata. No entanto, com o rápido influxo de prata
dos novos depósitos descobertos, a expectativa de escassez da prata acabou.
A interação entre os bancos centrais e a moeda
base formou a fonte primária da instabilidade monetária durante este período. A
combinação que produziu estabilidade econômica foi uma restrição da oferta de
novas notas, um monopólio do governo na emissão de notas diretamente, e
indiretamente, um banco central e uma unidade única de valor. Tentativas de
evitar essas condições produziram crises monetárias periódicas: com as notas
desvalorizando, ou a prata parando de circular como uma reserva de valor, ou
havendo uma depressão com os governos demandando espécies como pagamento,
diminuindo o meio circulante na economia. Na mesma época, havia uma necessidade
dramaticamente expandida por crédito, sendo que os grandes bancos estavam sendo
fretados em vários estados, incluindo, em 1872, o Japão. A
necessidade de uma base sólida em assuntos monetários produziria uma rápida
aceitação do padrão-ouro no período que se seguiu.
A título de exemplo, e seguindo a decisão da
Alemanha após a Guerra franco-prussiana de exigir
reparações para facilitar um movimento para o padrão-ouro, o Japão obteve as
reservas necessárias após a Guerra Sino-Japonesade 1894-1895. É debatido
se o padrão-ouro fornecia a um governo autenticidade suficiente quando ele
buscava pegar empréstimos no exterior. Para o Japão, mudar para o ouro era
considerado vital para ganhar acesso aos mercados de capital do Ocidente.
[3]
Na ciência política, oligarquia ("oligarkhía"
do grego ολιγαρχία, literalmente, "governo de
poucos") é a forma de governo em que o poder
político está concentrado num pequeno número pertencente a uma mesma família, um mesmo partido político ou grupo económico ou corporação.
A oligarquia é caracterizada por pequeno grupo de interesse ou lobby que
controla as políticas sociais e económicas em
benefício de interesses próprios.
O termo é também aplicado a grupos sociais que
monopolizam o mercado económico, político e cultural de um país,
mesmo sendo a democracia o sistema político vigente. Wikipédia