terça-feira, 1 de maio de 2012

O Dia do Trabalho, momento para análises.



No maravilhoso mundo da WEB podemos descobrir estudos, trabalhos e textos interessantíssimos e elucidativos. Assim, na etimologia do trabalho ficamos sabendo que “A palavra trabalho deriva do latim tripalium, objeto de três paus aguçados utilizado na agricultura e também como instrumento de tortura. Mas ao trabalho associamos a transformação da natureza em produtos ou serviços, portanto em elementos de cultura. O trabalho é, desse modo, o esforço realizado, e também a capacidade de reflexão, criação e coordenação.(O que é trabalho?).

Esse objeto de três paus ilustra bem três agentes poderosos nesse mundo, o trabalhador, o empresário e o(s) capitalistas, poria ser mais complexo para incluir outras figuras, mas na base mais essencial do mundo moderno é isso. Como toda ferramenta, o tripalium deveria ser bem feito, exigir habilidades, apesar da aparente simplicidade. Assim é o mundo em que vivemos, com facilidades ilusórias e efeitos contraditórios.
Ao longo da história, o trabalho assumiu múltiplas formas. Um importante pensador sobre esse assunto foi Karl Marx. Para esse autor, o trabalho, fruto da relação do homem com a natureza, e do homem com o próprio homem, é o que nos distingue dos animais e move a História.
Entre muitos fatores de afetação do sonho de se conquistar um lugar ao Sol agora temos o terrorismo em torno do que denominamos “meio ambiente”. Diante da realidade nem sempre saudável, abriu-se um espaço em que vale tudo. Um exemplo é a coleção de filmes e reportagens que as emissoras de TV apresentam, principalmente os enlatados talvez disponíveis sem custo para as emissoras.
A aproximação da “Rio+20” ( Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20) de alguma forma trouxe para a mídia uma coleção de filmes bem feitos sobre os riscos do crescimento econômico onde a única motivação é o lucro a qualquer custo (algo realmente perigoso se essa lógica do “Tio Patinhas” imperar”). São, entretanto, filmes de qualidade técnica variável (não considerando a arte cinematográfica e sim o mérito das afirmações), trazem de tudo, inclusive a sugestão sutil de voltarmos aos tempos das cavernas, quando os seres humanos eram predadores, matavam-se diariamente, tratavam as crianças com pouca atenção (desconheciam a paternidade), na maioria das sociedades primitivas a mulheres eram trabalhadoras escravas (ainda hoje em alguns países), o medo e a superstição onipresentes... Infelizmente não temos condições de exigir responsabilidade técnica sobre as sandices mais do que frequentes.
De qualquer forma é momento de repensar e mudar hábitos, principalmente, por exemplo, de utilização do transporte motorizado individual, tremendo consumidor de energia, fator de impermeabilização do solo (vejam os estacionamentos de automóveis e o asfaltamento de ruas, avenidas e ruas, além dos diques representados pelas estradas, verdadeiras barreira ecológicas) milhares de desastres e centenas de milhares de pessoas com lesões permanentes anos a ano só no Brasil. As montadoras geram emprego? Qual é custo de cada posto de trabalho para a sociedade? Têm incentivos? Interessante, disso não vemos reportagens.
Lógicas perdulárias fizeram de nossas cidades sorvedouros de energia e, se as teorias da termodinâmica valem, produtoras de calor concentrado, poluição acelerada e devastação de florestas para fabricar até combustíveis.
O lado positivo, contudo, é respeitável e merece respeito.
A Revolução Industrial (Revolução Industrial - Século XVIII), com muitas motivações, entre elas o carvão abundante na Inglaterra, a utilização intensiva do petróleo o trabalho escravo e o que Domenico de Mais expõe em (A Emoção e a Regra - Os Grupos Criativos na Europa de 1850 a 1950, 1999) mudaram rapidamente a Humanidade, principalmente viabilizando maior produção de alimentos. Infelizmente a maior parte desses recursos técnicos e de capital têm sido gastos para sustentar a indústria bélica e guerras diversas e caríssimas, quando deveríamos ter aproveitado o tempo para garantir o futuro [(O futuro sem Petróleo), (A era da escassez dos alimentos chegou?)].
Nos conflitos do Oriente Médio o preço do petróleo (O preço do petróleo ao longo de 150 anos) deu a impressão de não parar de subir e no início da década de oitenta do século passado os países mais desenvolvidos tecnicamente mergulharam em pesquisas de equipamentos e sistemas alternativos. Até o retorno da propulsão de navios pela força dos ventos teve anteprojetos e no Brasil (os peixes agradeceriam muito). Entre muitos temas, discutimos a importância do não transporte [ (Centros urbanos e o não transporte), (Cidadania de Pé no Chão)] entre outros.
O tema “Trabalho” está intimamente ligado ao petróleo, urbanização, poluição, direitos humanos e ética social assim como ao futuro das fontes de energia que será imperativo ao nosso bem estar e sobrevivência.
Domenico De Masi (Persona) talvez seja um dos poucos analistas criativos e objetivos das transformações necessárias quando comemoramos o Dia do Trabalho. Seus livros merecem ser lidos com atenção [(Criatividade - Descoberta e Invenção, 2005), (A Economia do Ócio), (O Futuro do Trabalho, 1999)] e pelo menos a entrevista (Persona) com uma boa análise de seu trabalho.
As teorias revolucionárias do século 19 [ (Hobsbawm, 2004), (Hobsbawm, A Era do Capital 1848 - 1875, 2007)] apareceram diante do luxo, arbitrariedades e da displicência das elites mercantis, aristocráticas e clericais em relação ao povo. Os revolucionários queriam que todos trabalhassem e distribuíssem melhor a riqueza. O totalitarismo matou ideias socialistas (As Origens do Totalitarismo, 2007) e o século vinte tornou-se (Hobsbawm, Era dos Extremos, 1998). Afinal, em (Nietzsche) teremos de forma sintética a relação de nossas fragilidades expressadas de forma direta, sem rodeios e o resultado de tudo isso aparece, a parte hedionda, em (Hobsbawm, Globalização, democracia e terrorismo, 2007) e nos noticiários diários.
Agora o desafio de uma parte da Humanidade é produzir e consumir de forma adequada e no outro extremo apaziguar fanáticos de diversos matizes, que usam o poder da Tecnologia para se matarem. O filme (Matar a Todos) ilustra (sob muitos aspectos) de forma brilhante a que ponto chegamos aqui, no Cone Sul da América Latina, ou seja, a loucura não é privilégio de alguns povos distantes.
Ilusões?
Quem nasceu na década de quarenta do século passado e sobreviveu às fantasias políticas que se sucederam e desmoronaram sucessivamente com certeza sente-se preocupado, se puder estudar e se aprofundar nesse período. Livros, filmes, reportagens etc. não faltam para quem gosta de história, filosofia, política, sociologia etc..
Obviamente formaremos opinião também por efeito do ambiente social em que vivermos e da própria inteligência e cultura. Não podemos reclamar, contudo, da inacessibilidade à informação.
O grande desafio é apaziguar, acalmar-se e pensar em soluções realistas e que nos conduzam a um mundo fraternal entre todos, irmãos ou não.
Assusta tremendamente sentir que o radicalismo cresce, o fundamentalismo religioso ganha força e substituem as ideologias (uma forma de religião) como vetores da insanidade, além de conceitos clássicos que os extremistas usam e abusam.
Dia do Trabalho, que momento importante para reflexões sobre tudo isso. Essa comemoração tem muitas razões e a data formal veio de uma série de atos criminosos e covardes contra operários que se atreveram a contestar seus patrões [(Dia do Trabalhador), (Mártires de Chicago: origens do dia internacional dos trabalhadores)]. Dos EUA e para lembrar paraísos de trabalho escravo existentes (agora) e nossa compulsão consumista sem preocupações éticas vale a pena ver e rever o filme (Tempos Modernos) com uma reflexão profunda sobre hábitos e vontades.
As comemorações do “1 de maio” sucedem à de outra data memorável, parcamente lembrada, o (Dia Internacional da Mulher). Em Curitiba, com algumas ações, principalmente na UTFPR com o GETEC (Cascaes), esse momento de reflexão histórica começa a ser festejado. Também consequência de atrocidades típicas de tempos industriais trata da situação da mulher, algo que precisa ser discutido amplamente diante do gasto fenomenal em torno dos traumas do fim do mundo e da poluição nem sempre tão danosa quanto seus ativistas propagam. Ou melhor, ainda estamos cheios de bombas nucleares, químicas, instalações de alto risco e desprezo pela boa Engenharia, resultado do império de políticos alheios às leis da Natureza.
No século 21, tendo ou não dúvidas em relação a tudo o que nos afeta, com certeza impõe-se estudos sérios e ajustes fortes de comportamento. Como dissemos, nascemos na década de quarenta (1944), somos testemunhas de mudanças maravilhosas, tenebrosas e outras insidiosas, perigosíssimas, assim como a revalorização de lógicas que considerávamos superadas, ocupando agora o lugar que a (Guerra Fria) teve a partir das primeiras bombas atômicas.
Em tempo, no Brasil, se pudermos ter governos eficazes e honestos, haverá dinheiro para uma reconstrução sadia e solução para nossos maiores problemas: Educação, Saúde, Segurança, Saneamento Básico, Habitação, Inclusão, etc., fácil, não? Basta votar certo!
O Dia do Trabalho pode ser usado para maior conscientização de nosso povo trabalhador, de empresários a empregados. Já temos festas demais.
Cascaes
1.5.2012
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. (s.d.). Fonte: Rio+20: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20
A era da escassez dos alimentos chegou? (s.d.). Fonte: A vida é feita de OPNIÃO: http://blog.thiagorodrigo.com.br/index.php/a_era_da_escassez_dos_alimentos_chegou?blog=2
Arendt, H. (2007). As Origens do Totalitarismo. (R. Raposo, Trad.) São Paulo: Companhia das Letras.
Bertrand Russell, P. L. (s.d.). A Economia do Ócio. Sextante.
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ações ODM em Curitiba e RMC: http://odmcuritiba.blogspot.com.br/
Chaize, T. (s.d.). O preço do petróleo ao longo de 150 anos. Acesso em 30 de 4 de 2012, disponível em Dr Thomas Chaize - Energy and Mining: http://www.dani2989.com/matiere1/150petroleumpt.htm
Chiappa, E. F. (s.d.). Matar a Todos. Fonte: A Nova Democracia: http://www.anovademocracia.com.br/no-60/2541-matar-a-todos-
Cidadania de Pé no Chão. (s.d.). Fonte: O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia: http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/2010/03/o-nao-transporte.html
Cidadania de Pé no Chão. (s.d.). Acesso em 30 de 4 de 2012, disponível em Cidade do Pedestre: http://cidadedopedestre.blogspot.com.br/2010/01/cidadania-de-pe-no-chao.html
Correia, A. (s.d.). O futuro sem Petróleo. Fonte: AMAGAS: http://www.amagas.com/index.php?option=com_content&task=view&id=44&Itemid=59
Dia do Trabalhador. (s.d.). Acesso em 30 de 4 de 2012, disponível em Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Trabalhador
Dia Internacional da Mulher. (s.d.). Acesso em 30 de 4 de 30, disponível em Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_da_Mulher
Guerra Fria. (s.d.). Acesso em 30 de 4 de 2012, disponível em Sua Pesquisa: http://www.suapesquisa.com/guerrafria/
Hobsbawm, E. (1998). Era dos Extremos. (M. C. Marcos Santarrita, Trad.) Companhia das Letras.
Hobsbawm, E. (2004). A Era das Revoluções 1789-1848. (M. P. Maria Tereza Lopes Teixeira, Trad.) Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Hobsbawm, E. (2007). A Era do Capital 1848 - 1875. (L. C. Neto, Trad.) São Paulo: Paz e Terra.
Hobsbawm, E. (2007). Globalização, democracia e terrorismo. (J. Viegas, Trad.) Companhia das Letras.
Mártires de Chicago: origens do dia internacional dos trabalhadores. (s.d.). Acesso em 30 de 4 de 2012, disponível em Movimento Operário: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=5362
Masi, D. d. (1999). O Futuro do Trabalho. Brasília: UnB - José Olympio.
Masi, D. D. (2005). Criatividade - Descoberta e Invenção. (Y. F. léa Manzi, Trad.) Rio de Janeiro: Sextante.
Nietzsche, F. (s.d.). Humano, Demasiado Humano (2 ed.). (A. C. Braga, Trad.) escala.
organização, D. D. (1999). A Emoção e a Regra - Os Grupos Criativos na Europa de 1850 a 1950. (E. F. Edel, Trad.) Brasília: UnB e José Olympio.
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Renato Balbin, R. P. (s.d.). Centros urbanos e o não transporte. Acesso em 2012 de 4 de 2012, disponível em IPEA: http://desafios2.ipea.gov.br/sites/000/17/edicoes/53/pdfs/rd53art04.pdf
Sebastião Salgado, E. N. (s.d.). O que é trabalho? Fonte: A Rede de Educação 2.0: http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=17&id_subtema=1
Tempos Modernos. (s.d.). Fonte: Adorocinema: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-1832/
w3.ufsm.br. (s.d.). Revolução Industrial - Século XVIII. Acesso em 30 de 4 de 2012, disponível em Portal São Francisco: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/revolucao-industrial/revolucao-industrial.php




Um comentário:

  1. Esse não é um artigo, meu amigo, é uma verdadeira tese. A bibliografia é maior que muitos trabalhos de conclusão de curso.
    Parabéns e um feliz Dia do Trabalho.

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