sábado, 10 de maio de 2014

Como avaliar um projeto?

Análise de projetos – a arte ou ciência da Engenharia
Ao longo da vida profissional acumulamos conhecimentos e dúvidas colossais, principalmente quando nos dedicamos a atividades que dependem da qualidade e honestidades de muitas pessoas e empresas. Mais ainda, vamos aprendendo a ironizar diante de números excessivamente precisos e afirmações categóricas.
Uma certeza, entretanto, cresce sempre, a de que pessoas intelectualmente honestas valem fortunas, pois merecem ser lidas e ouvidas atentamente.
A tecnologia agora viabiliza tudo. Desde que inventaram as calculadoras cheias de números ganhamos informações com valores ridiculamente cheios de dígitos. Até os postos de combustíveis se atrevem a provocar a gente informando preços até a terceira casa após a vírgula do litro da gasolina, etanol (não é mais álcool) e diesel. Qual é a precisão de suas bombas de abastecimento?
O pior é que gradativamente vamos aceitando isso e até descobrindo em muitos relatórios feitos dentro de normas exigidas e aceitas por entidades reguladoras números que dizem muito pouco.
O preciosismo inútil pode custar muito caro. Seria o caso de se auditar a utilização e validade de medições que chegam a ser incrivelmente frequentes e automatizadas e enviadas via internet para centros distantes.
A fragilidade dos estudos é um espanto.
Nossos sistemas de meteorologia e climatologia estão muito longe do que seria desejável. Investimos centenas de bilhões de reais em hidrelétricas e linhas de transmissão e quase nada em sistemas de monitoramento do nosso meio ambiente. Agora aos poucos algo se faz. Muito, muito pouco em relação ao que seria desejável.
O Brasil se transformou radicalmente. Florestas imensas foram substituídas por plantações rasteiras, como ficam os históricos hidrológicos dos rios, por exemplo?
Não interessa a muita gente poderosa a análise das águas de nossos rios. Assim inibiram uma agência extremamente importante, a ANA (1).
Mas, e os projetos de Engenharia?
Neles encontramos o padrão com derivações em função da crença dos seus executores. O que pretendem vai funcionar?
Mais uma vez a questão: tudo depende da seriedade daqueles que projetarem e construírem as obras minuciosamente desenhadas e talvez bem calculadas. Atualmente é até fácil fazer bons projetos, a Engenharia de software, ferramentas de cálculo e simulação, computadores excepcionalmente bons são ferramentas poderosíssimas nas mãos de pessoas bem preparadas.
Pelo mundo descobrimos projetos magníficos e com eles a certeza de que o conhecimento humano atingiu níveis elevadíssimos, pelo menos na Engenharia. Atenção, contudo, grandes obras não são o resultado de coisas pequenas feitas com mais material. Os parâmetros mudam, nem sempre de forma linear; as equações se tornam mais complexas; a qualidade necessária e suficiente aumenta exponencialmente; isso para dar uma visão simplista.
Assusta ver PDVs (2) e afirmações simplistas em torno de construções gigantescas. Nem tudo é tão simples quanto os leigos pensam...
O monitoramento de máquinas desde a prancheta, passando pelo chão de fábrica até a colocação em operação é tarefa para gente muito boa, tanto melhor quanto maior for a complexidade e responsabilidade da instalação ou sistema.
Tudo precisa de honestidade e competência, aí é que mora o perigo. No Brasil a honestidade parece ser relativa e em função de companheirismos oportunistas.
O resultado é que a necessidade de se avaliar rigidamente qualquer fornecedor, projetista, vendedor, operador etc. é uma imposição num país que ainda não conseguiu avançar em sua forma de punir os maus profissionais. Muitos até talvez tenham em seus critérios pagar alguma punição para depois usufruir as benesses das armações criadas.
Vimos, perplexos, o que a Polícia Federal descobriu em seus inquéritos. Parecia que os líderes das quadrilhas estavam até tranquilos, na certeza de que a aposentadoria deles estaria garantida de muitas formas dentro e fora dos presídios...
Concluindo e reafirmando, o fundamental é credibilidade, seriedade, competência e liberdade para fazer bons trabalhos, se isto existir teremos um bom grau de certeza no sucesso de qualquer proposta técnica.

Cascaes
10.05.2014

1. Agência Nacional de Águas - ANA. ANA. [Online] http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx.
2. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA - PLANO DE APOSENTADORIA INCENTIVADA. Guia Trabalhista. [Online] http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/pdv_pai.htm.



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