Planejamento energético e o econômico, qual erra mais?
A história econômica e energética do Brasil é uma coleção de
fatos e dados que só escapa da indignação popular porque as desculpas são
fáceis e as explicações muito difíceis para pessoas leigas no assunto.
Há meia década o Brasil vivia marolas que não assustavam os
banhistas. O céu era de Brigadeiro, o mar ideal para Almirante. Deveríamos
continuar crescendo muito[i].
O que aconteceu só vimos em jogos de sinuca entre pessoas
iniciantes. Apontavam numa bola, acertavam noutra. A Economia Mundial ainda não
readquiriu estabilidade sustentável visível, mais ainda diante do que países
com indigestão poderão vomitar.
Dentro do modelo institucional do Setor Elétrico, no meio da
década passada, era o tempo de licitar usinas que deveriam estar em operação [ (Vianna, 2011) , ( Plano
Decenal de Expansão de Energia 2020 - Sumário) ] somando-se a outras
licitadas de lá até agora as mais fáceis de instalar.
Tudo muito bonitinho, com que margem de erro? Atrasos?
Falhas? Erros de cálculo? O que aconteceu? Incompetência? Imperícia? Esperteza?
Impossibilidades reais?
Mais uma vez falam na possibilidade de racionamento. Se o
planejamento fosse mais preocupado com a confiabilidade e a qualidade isso
teria acontecido?
A instabilidade econômica mundial e as mudanças climáticas,
ambientais e até do comportamento do Sol exigem margens de segurança maiores.
O custo de qualquer racionamento e até de oscilações de
tensão e frequência são imponderáveis, mas elevadíssimos. Quanto pesa o
prejuízo de nosso povo na decisão dos planejadores? Deixam para o “mercado”
decidir? Tudo fica a critério de empresas de distribuição sem garantia de
renovação de concessões?
Nossos especialistas continuam linearizando estatísticas
antigas?
Na lógica do planejamento uma coleção de unidades geradoras
estaria operando e na fila de entrada em operação na cadência do crescimento do
consumo, que seria elevado. Não foi, o Brasil quase parou. A crise econômica
internacional era muito séria e como sempre acontece nesses períodos pagamos a
conta dos erros alheios (Ferguson) .
Mesmo com o desaquecimento da economia estamos tangenciando
situações de alto risco de racionamento, isso faz sentido?
A relação entre o crescimento do PIB e do consumo de energia
(energia, algo equivalente à quantidade de combustível nos carros, muito
diferente da potência dos veículos) é grande em nosso país muito afetado por
empresas de produtos semimanufaturados.
Evoluímos pouco na lógica da conservação de energia. Assim o
consumo de energia elétrica oscilou muito, mas esteve abaixo do que se previa
em tempos de calmaria.
Pior ainda, o Governo optou por baixar emissões de CO2 no Setor
Elétrico (Vianna, 2011) , e o petróleo? Não
quer perder votos?
Usinas entram num cesto de obras compatível com as previsões
dos economistas e oportunidades energéticas. Seria natural termos mais
tranquilidade, o problema é que não resistiram e mexeram demais nas fórmulas energéticas (Ilumina -
Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico) ; somando isso à
Legislação Ambiental, riscos industriais, de projeto etc. temos uma faixa de
insegurança que deveríamos conhecer bem.
Infelizmente o progresso virou quase estagnação. O Pibinho salvador
e agora o aumento dos juros dá um refresco ao MME. Surpreendentemente, contudo,
passamos raspando o racionamento de energia em 2013, levando os operadores do
sistema a ordenarem a entrada em operação de usinas caríssimas.
Diante de tudo o que vemos vale a análise do que é planejamento
e nossos critérios antigos.
Em países desenvolvidos e com base térmica a variação do
consumo é mínima, dependendo mais do calor ou do frio, eventualmente
surpreendendo as concessionárias. O planejamento é simplificado, pois as
térmicas dependem muito pouco das chuvas (precisam de água para geração de
vapor), precisando, contudo, ter um bom padrão de manutenção e operação assim
como contratos inteligentes e honestos de aquisição de combustíveis. Nesse
cenário a grande malandragem é “esquecer” a sinergia do sistema, o que pode
elevar os preços se as tarifas forem livres.
No processo de privatização de concessionárias em muitos
lugares desse planeta acrescentou-se algo mais, a especulação com a energia.
Nos EUA a ENRON e mais algumas outras protagonizaram
situações suspeitas de falta de energia, programando mal a manutenção de
grandes usinas. Faltando oferta, os preços subiram a ponto de chamar a atenção
dos órgãos de fiscalização. O racionamento virou rotina durante bom tempo em
alguns lugares...
E no Brasil um complicador considerável nesse processo de
estimativas de consumo é a dependência do clima, afinal nossa base é
hidrelétrica, dependendo de chuvas. Mudanças de cobertura vegetal, manchas
urbanas enormes ao longo de muitos rios, variações de insolação etc. devem
alucinar os calculistas mais calejados.
O Pibinho salvou o Setor Elétrico de outro problema sério, o
atraso da entrada em operação de grandes usinas, linhas e subestações.
Podemos também imaginar que no balcão de negócios dos KWh a
manipulação de ofertas e pedidos tenha criado cenários falsos.
O que realmente aconteceu com o Setor Elétrico?
Análises feitas pelos órgãos sob dominação das partes
interessadas no processo de convencimento do nosso povo não vale, precisamos de
uma auditoria feroz, independente, suficientemente poderosa e competente para
não aceitar agrados e ilusões de qualquer espécie.
Aliás, em todos os serviços essenciais a avaliação externa
de qualidade, custos e benefícios das concessionárias é algo ausente em nossa
pátria varonil. Se existe desconhecemos seus diagnósticos.
Mais uma vez nos aproximamos de cenários ruins.
Quando saberemos o que realmente acontece sem filtragens
oportunistas?
Inacreditavelmente a atuação do Governo Federal tem sido
demolidora (Petrobras, Eletrobras, aumento dos custos de Itaipu, decretos
surpreendentes etc.).
Estamos em final de Governo.
Um bom tema para debate nas campanhas eleitorais será a
situação das concessionárias federais e estaduais.
O Planejamento energético merece atenção de altíssimo nível
e responsabilidade, acima de tudo em favor do Brasil. Isso implica em mudanças
importantes. Ou não?
Devemos continuar submissos a ONGs e acordos açodados (Vianna, 2011) ?
Vamos imitar quem e de que jeito?
Qual é o próximo modismo?
Cascaes
27.2.2014
(s.d.). Fonte: Ilumina - Instituto de Desenvolvimento
Estratégico do Setor Elétrico: http://www.ilumina.org.br/
Energético, S. d. (s.d.). Plano Decenal de Expansão
de Energia 2020 - Sumário. Fonte: MME:
http://www.mme.gov.br/mme/galerias/arquivos/noticias/2011/SUMARIO-PDE2020.pdf
Ferguson, C. (s.d.). Trabalho Interno. Fonte:
Livros e Filmes Especiais:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com/2012/01/trabalho-interno.html
Vianna, L. F. (28 de 9 de 2011). PLANO DECENAL DE
ENERGIA . Fonte: APINE:
http://www.senado.leg.br/comissoes/ci/ap/AP20110928_Luiz_Vianna.pdf
Ano
|
PIB
|
Tamanho do Crescimento
|
Posição na Economia Mundial
|
R$ 4,84 trilhões1
|
2,3%2
|
||
R$ 4,403 trilhões3
|
0,9%4
|
7°5
|
|
R$ 4,143 trilhões6
|
2,7%
|
6°
|
|
R$ 3,675 trilhões7
|
7,5%
|
7°
|
|
R$ 3,143 trilhões8
|
-0,2%
|
8°
|
|
R$ 3,032 trilhões9
|
5,2%10
|
8°
|
|
R$ 2,558 trilhões11
|
5,4%
|
10°
|
|
R$ 2,370 trilhões12
|
3,8%
|
10°
|
|
R$ 2,148 trilhões13
|
2,9%
|
10°
|
|
R$ 1,769 trilhão14
|
5,7%15
|
13°
|
|
R$ 1,556 trilhão16
|
0,5%
|
13°
|
|
R$ 1,320 trilhão17
|
2,7%18
|
13°
|
|
R$ 1,184 trilhão19
|
1,4%20
|
11°
|
|
R$ 1,089 trilhão21
|
4,4%
|
10°
|
|
R$ 1,011 trilhão22
|
0,3%23
|
10°
|
|
R$ 979,275 bilhões24
|
-0,1%
|
8°
|
|
R$ 865,552 bilhões25
|
3,0%
|
8°
|
|
R$ 752,439 bilhões26
|
2,9%
|
8°
|
|
R$ 731,162 bilhões27
|
4,3%
|
8°
|
Referências
1.
Ir
para cima↑ http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/02/economia-brasileira-avancou-23-em-2013-diz-ibge.html
2.
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5.
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para cima↑ http://veja.abril.com.br/noticia/economia/pib-de-2012-confirma-queda-do-brasil-no-ranking-das-maiores-economias
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Ir
para cima↑ http://oglobo.globo.com/economia/pib-brasileiro-fecha-2010-com-crescimento-de-75-maior-desde-1986-aponta-ibge-2815938
8.
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para cima↑ http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,pib-do-brasil-fecha-2009-com-retracao-de-02-a-primeira-queda-anual-em-17-anos,8580,0.html
9.
Ir
para cima↑ http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2010/11/05/ibge-revisa-pib-de-2008-para-r-3-trilhoes
10.
Ir
para cima↑ http://www1.folha.uol.com.br/mercado/825935-ibge-revisa-pib-de-2008-e-eleva-crescimento-para-52.shtml
11.
Ir
para cima↑ http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1106&id_pagina=1
16.
Ir
para cima↑ http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=265&id_pagina=1
17.
Ir
para cima↑ http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2003-03-27/pib-brasileiro-somou-r-132-trilhao-em-2002
20.
Ir
para cima↑ http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2002-12-11/ibge-anuncia-crescimento-do-pib-em-2001